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DESMATAMENTO AUMENTA 20% E NOS TRÊS PRIMEIROS ANOS DE BOLSONARO

Redação - 18/07/2022 08:30 - Atualizado 18/07/2022

Segundo dados do Relatório Anual de Desmatamento no Brasil (RAD), do Mapbiomas, apresentado nesta segunda (18), no ano passado, o Brasil manteve o padrão recente de alta no desmatamento, com perdas de 16.557 km2 (ou 1.655.782 hectares) em todos os biomas do país, um aumento de 20% em relação a 2020. Desde o início da atual gestão de Jair Bolsonaro, em 2019, até 2021, já foi desmatada uma área de 42 mil km2, quase o tamanho do estado do Rio (43 mil km2), e a velocidade média de desmatamentos, que era de 0,16 hectares por dia para cada evento detectado em 2020, acelerou para 0,18.

— Nos últimos três anos, há ação deliberada, partindo do chefe do executivo, para evitar a punição de irregularidades. Além disso, várias ações estimulam o desmatamento, como por exemplo a proposta que tenta liberar garimpo em Terras Indígenas (TIs). O resultante é a situação que a gente vive agora, literalmente está fora de controle. E se não fosse uma crise econômica tão grande, estaria ainda pior — afirma Tasso Azevedo, coordenador do Mapbiomas.

Azevedo destaca que, de 2004 a 2012, o país havia conseguido estancar o desmatamento no país, após a adoção de diversas frentes de ação e políticas públicas como a moratória da soja e o reforço da fiscalização ambiental. Em 2012, porém, a promulgação do Novo Código Florestal, além de afrouxar regras, concedeu anistia a multas aplicadas por desmatamento até 2008, o que marcou a retomada do crescimento das perdas florestais na série histórica. Agora, o especialista destaca que há novas perspectivas para que grileiros e invasores consigam mais anistias, a partir do comportamento e do discurso do governo federal.

No ano passado, houve uma média de 191 novos eventos e 4.536 hectares desmatados por dia, ou 189 hectares por hora. Somente na Amazônia foram 111,6 hectares desmatados por hora ou 1,9 hectare por minuto, o que equivale a cerca de 18 árvores por segundo. O relatório ainda encontrou indícios de irregularidades em mais de 98% dos casos. A agropecuária é responsável por quase todo o desmatamento do país, aponta o RAD, que nessa edição identificou os principais vetores de pressão nos biomas. Nos últimos três anos, a agropecuária prevaleceu como a causa em 97% dos eventos detectados. Além dela, o garimpo, a mineração e a expansão urbana são vetores relevantes. A categoria “outros”, que engloba construção de usinas solares e eólicas, teve aumento proporcional importante ano passado.

— Como solução, precisamos retomar a demarcação de Terras Indígenas (TIs), comunidades quilombolas, Reservas Extrativistas e Unidades de Conservação (UC), e ser implacável na retirada de invasores dessas áreas protegidas. Além disso, é fundamental promover embargo remoto em escala de todo desmatamento com indício de irregularidade. Com isso, se dá um golpe claro de intolerância à atividade ilegal — diz Azevedo, que lembra ainda da importância de se destinar áreas públicas da Amazônia a TIs e UCs.( Globo)

Foto: divulgação

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