O fato ocorrido em Foz do Iguaçu, no Paraná, onde um policial penal federal bolsonarista invadiu uma festa de aniversário de um militante petista na noite de sábado atirando é um aviso às autoridades do que pode se transformar essa eleição se não houver uma processo de apaziguamento na polarização política em que está imerso o país. No ocorrido, o militante morto também usou uma arma para se defender criando um ambiente de velho Oeste onde discussões de cunho político são resolvidos à bala.
Ao mesmo tempo, o jornalista Elio Gaspari alertou, em sua coluna publicada no Domingo, para a possibilidade de militantes bolsonaristas criarem um clima de instabilidade no país a partir de 7 de setembro para justificar um adiamento da disputa eleitoral. Segundo ele, milícias digitais e mobilizações semelhantes às do ano passado criaram um clima de instabilidade a partir da Semana da Pátria, para assim se estabelecer a ideia da necessidade de adiamento das eleições, com a votação de uma emenda constitucional, o que com o beneplácito do Presidente da Câmara, Arthur Lira, seria facilmente aprovado.
O incidente em Foz do Iguaçu deveria servir de aviso às autoridades de que está se formando um clima de guerra no país. E é exatamente isso que deseja o Presidente Bolsonaro que todos os dias faz declarações contra às instituições democráticas, inclusive o Supremo Tribunal Federal, o TSE e as urnas eletrônicas que, apesar de não registrarem qualquer denúncia de fraude e de terem elegido o próprio Bolsonaro, são permanentemente questionadas por ele.
Ora, se o próprio Presidente da República se põe a questionar o processo eleitoral e avisa que mobilizará militantes para o 7 de Setembro é fundamental que as demais instituições se preparem para proteger o país não só desestimulando e punindo atos violentos contra pessoas e instituições, motivados por ideologia política, mas também usando os instrumentos disponíveis para evitar qualquer ameaça ao processo eleitoral.
Se o Poder Executivo se aliar a uma tentativa de adiamento das eleições, ou se estimular atos e ações violentas que indiquem esse caminho, é fundamental que o Poder Legislativo, o Poder Judiciário e o Ministério Público se unam em prol da defesa das eleições e da Constituição em vigor. (EP – 11/07/2022)