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INTENÇÃO DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS DE SALVADOR ATINGE EM JUNHO O MAIOR PATAMAR DESDE ABRIL DE 2020, APONTA FECOMÉRCIO-BA

Redação - 05/07/2022 14:05

O ICF – Índice de Intenção de Consumo das Famílias, elaborado mensalmente pela Fecomércio-BA, atingiu, em junho, 85,4 pontos, alta de 2,1% na comparação com maio (83,6 pontos) e de 12,7% quando comparado ao mesmo mês de 2021 (75,7 pontos). O atual patamar é o mais elevado desde abril de 2020, logo no início da pandemia do coronavírus.

Dos sete itens analisados pelo indicador, o que chama mais a atenção é o Perspectiva de Consumo, com 90,7 pontos em junho, crescimento mensal de 10,5% e 28,5% no contraponto anual. As famílias estão avaliando um cenário no curto prazo, de 3 a 6 meses, mais propício para aumentar os gastos em relação aos meses passados.

Esse resultado decorre da melhor expectativa em relação ao mercado de trabalho. O item Perspectiva Profissional atingiu 114,3 pontos em junho e sobe 5,1% e 38,5% nas comparações mensal e anual, respectivamente. “Ou seja, se há um olhar mais favorável de que pode haver uma melhora profissional para o responsável do domicílio nos próximos seis meses, é natural imaginar que com mais renda a família deve gastar mais”, explica o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze.

No entanto, o avanço dos números não gera o mesmo efeito no curto prazo. Por exemplo, por mais que o item Nível de Consumo Atual tenha se elevado 1,7%, a sua pontuação está muito baixa, 63 pontos em junho, no patamar de alto pessimismo. Inclusive, o atual nível está 3,2% abaixo do visto em junho de 2021.

“Isso acontece por conta da inflação estar corroendo o poder de compra das famílias. E, de fato, a sensação é de perda da renda. O item Renda Atual recuou 1,1% em junho e volta aos 95 pontos. Variação próxima do item Acesso a Crédito, de -1,6% e com 82,1 pontos. A piora desse último item está relacionado ao aumento de juros, o que torna, evidentemente, o crédito mais seleto”, pontua o economista.

O item Momento para Duráveis ficou estável no mês, mas continua sendo o item com a pior avaliação do ICF, com 41,5 pontos. Foram 76% dos entrevistados que disseram ser um mau momento para compras de bens como geladeira, televisor, fogão etc. E, por fim, o item Emprego Atual que, embora tenha caído 0,5% no mês, está acima dos 100 pontos, na zona de otimismo, com 110,9 pontos em junho. Na comparação anual, o avanço foi de 20,9%. 35% das famílias soteropolitanas dizem estar mais seguras no emprego, enquanto nesse mesmo período do ano passado, o percentual foi de 25%.

O ICF por faixa de renda teve resultados distintos. Para as famílias com renda abaixo de 10 salários-mínimos, o índice foi de 83,3 pontos, alta de 2,4%. Por outro lado, o índice das famílias de renda mais elevada está acima dos 100 pontos, com 107,7 pontos, porém, sendo 0,6% menor na relação mensal. “Desde agosto do ano passado, o ICF registrou somente duas quedas. Apesar da maioria dos meses terem sido positivos, o avanço foi relativamente tímido. Este primeiro semestre contou com fatos adversos e que prejudicaram a melhora mais rápida das condições econômicas das famílias de Salvador, como a variante ômicron e a guerra da Ucrânia, essa causando forte pressão sobre a inflação”, pontua o economista da Fecomércio-BA.

Além disso, o desemprego elevado na região somado ao aumento dos juros aos consumidores torna o cenário ainda mais restritivo quando se pensa em gastos das famílias. Os efeitos da melhora da intenção de consumo sobre as vendas do comércio ainda são tímidos. De acordo com Dietze, “enquanto não houver um aumento dos investimentos que possam gerar empregos de forma expressiva, a situação deve continuar como a atual, avanços, porém com passos lentos. Até porque a inflação deve continuar pressionando o bolso dos consumidores e limitando a sua capacidade de consumo pelo menos até o final do ano”, salienta o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze.

Foto: divulgação

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