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SOTEROPOLITANO TRABALHA 100 HORAS PARA PAGAR ALIMENTAÇÃO

admin - 06/06/2022 09:00 - Atualizado 06/06/2022

Colocar comida na mesa vem se provando um desafio para os trabalhadores baianos, principalmente em tempos de inflação alta, o que leva muita gente a pensar que só está labutando para comer e pagar contas. A última análise da cesta básica realizada pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), vinculada ao Governo do Estado, mostrou que a lista de doze itens recuou 1,33% em abril, saindo a R$ 504,15 para os moradores de Salvador. É a primeira vez depois de quatro meses em que o custo se reduz, após elevações que variaram entre 2,17% (março/22) e 6,02% (abril/22). Mesmo assim, o cidadão soteropolitano compromete 44,97% de um salário mínimo para levar o básico para casa. E, se considerada uma jornada de trabalho de 44h semanais, é pouco mais da metade do mês só para bancar o mercado: ainda de acordo com a SEI, leva-se 98h e 55h min para juntar o valor da cesta básica.

A carne vermelha encabeça a lista dos itens que mais consomem o orçamento da cesta básica: 4,5 kg da proteína saem por R$ 142, representando 28% da cotação realizada pela autarquia estadual em 41 estabelecimentos. “Está um absurdo. Se não me engano, a gente conseguia comprar carne por menos de R$ 30 uns dois anos atrás. Até a carne de segunda já passou dos R$ 40. Tem dia que a gente faz macarrão com salsicha, porque até a placa do ovo subiu”, desabafou a dona de casa Paula da Silveira. Ela ficou desempregada durante a pandemia e vive de bicos, e viu o preço do chã-de-fora (também conhecido como coxão-duro) saltar de R$ 26 para R$ 38. Neste ano, o aumento acumulado da carne foi de 28,4%. O pão nosso de cada dia é o terceiro maior participante do valor dos itens básicos, representando 15,11% dos R$ 504 calculados pela SEI. “Eu tenho comido cuscuz. Pão subiu muito nesses últimos meses, e somos cinco em casa. Se comprar pra todo mundo, gasto R$ 10 todo dia”, disse a autônoma Noeli Santana.

A observação de Noeli faz todo o sentido: o ‘cacetinho’ teve um avanço de 3,93% em maio, e como é vendido por quilo em muitos bairros da cidade, dez pães podem chegar a R$ 9. Os maiores aumentos nesse período foram observados na farinha de mandioca (+6,9%), óleo de soja (+4,75%) e feijão (+4,69%). De acordo com especialistas em economia consultados pela reportagem, a inflação é a grande vilã no impulsionamento dos preços: em Salvador e Região Metropolitana, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede essa pressão no custo de vida, ficou em 0,67% em abril; entretanto, na categoria de alimentação e bebidas, esse índice variou bem mais, com um avanço de 2,22% no período. Foi ele o que mais pesou na sobrevivência entre os nove setores analisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para se ter uma noção, a habitação teve oscilação zero em abril, e o setor de transportes teve um recuo de 1,14% mesmo com os aumentos nos combustíveis.

Dicas: Como uma despesa fundamental, a alimentação é uma coisa que não dá para riscar do orçamento. Mas algumas pequenas coisas são recomendadas por economistas para conseguir levar comida para casa em tempos de inflação alta. Vale, antes de sair de casa, fazer uma lista com os itens necessários e não ir ao mercado com fome (para não pegar coisas por impulso). Aproveitar dias específicos (como a terça da horta, onde frutas e legumes costumam baixar de preço) podem trazer oportunidades interessantes, assim como deixar as compras maiores para depois do quinto dia útil: como muita gente já fez as compras assim que o salário ou o ticket alimentação caiu na conta, os supermercados fazem ofertas para manter o bom movimento no resto do mês.

Para quem tem acesso à Internet, a plataforma Preço da Hora Bahia (também disponível em app para os sistemas Android e iOS) reúne os preços de mais de 500 mil produtos vendidos no Estado, com dados coletados de mais de 180 mil estabelecimentos. Já para quem gosta de comparar folhetos de mercados e atacarejos, o site e aplicativo Tiendeo agrupa os catálogos divulgados pelas grandes redes, acompanhando as atualizações semanais de preços.(TB)

Foto: Divulgação

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