No dia seguinte à demissão do presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, clima de ressaca. Os relatos de executivos e funcionários nesta terça-feira é de muita confusão e pouca produtividade na petroleira, que enfrenta uma nova troca de comando em 40 dias. Além da surpresa provocada pela substituição relâmpago do comando da companhia, o clima é de paralisia e indefinição de projetos. As reuniões estão inconclusas com os principais gestores sem saber qual será a nova condução estratégica da empresa, que tem para executar um plano de investimentos de nada menos de US$ 68 bilhões (quase US$ 330 bilhões) em cinco anos.
A falta de rumo se deve principalmente ao fato de que executivos da estatal já dão como certo de que a intervenção do presidente Jair Bolsonaro não se limitará à troca do presidente. Depois da indicação do nome de Caio Mário Paes de Andrade para a cadeira de Coelho, o que demandará a formação de um novo Conselho de Administração, a expectativa é de que o governo também substitua membros da diretoria. Há um clima de que “tudo é possível”. Uma fonte afirmou que é “difícil trabalhar nesse clima” e pontou que poucos sabem o que esperar do novo presidente.
No fim da manhã, Coelho se despediu em um grupo de WhatsApp que reúne pessoas do setor de óleo e gás. Em uma mensagem, agradeceu palavras de apoio: “Obrigado pela mensagem. Trabalhamos com responsabilidade e seriedade, travamos o bom combate. Seguimos em frente. Contem sempre comigo. Um grande e forte abraço”.
A avaliação predominante na Petrobras é a de que o governo vai buscar “nomes 100% alinhados” para cargos-chave na empresa. O maior temor, porém, é que o Conselho de Administração sob nova composição tente emplacar uma alteração no estatuto da empresa, cujas políticas de boas práticas de governança corporativa foram reforçados desde o escândalo de corrupção investigado pela Lava-Jato.
A desconfiança é de que o governo pretende alterar especificamente o artigo do estatuto que trata da exigência de que a estatal só altere sua política de preços se for compensada pela União, em caso de impacto no lucro da empresa. É este artigo do estatuto que trava qualquer tentativa de controle artificial dos preços de combustíveis, dizem fontes a par do assunto.
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