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CRIMINALIZAÇÃO DA HOMOFOBIA COMPLETA TRÊS ANOS NO BRASIL

Redação - 18/05/2022 10:20 - Atualizado 18/05/2022

Durante oito anos, Alex Brito sofreu ataques verbais do vizinho por conta de sua orientação sexual. Alex deixou de frequentar mercados, restaurantes e estabelecimentos do próprio bairro para evitar o vizinho, mas não denunciou os ataques. Em maio do ano passado, o agressor tentou atropelá-lo e, tendo falhado, avançou para o jovem com um facão que levava no carro, mas não acertou o golpe.

Alex declara que, ao prestar queixa, policiais e delegados questionaram se o ataque foi motivado por homofobia, atribuindo a violência a uma briga de vizinhos, desconfigurando a natureza do crime. “Conheço outras pessoas que sofreram homofobia, mas não denunciaram por conta da impunidade. O estado é muito omisso”, comenta. O caso de Alex ganhou notoriedade por levantar o debate sobre a realidade da homofobia após a criminalização dessa prática. Enquanto Alex espera o julgamento do caso, ele vive na mesma casa, em Salvador, e ainda convive com o agressor, que não lhe direciona mais ataques.

Combate à homofobia no legislativo

Após anos de tentativas do poder legislativo para criminalizar a homofobia, em 2019 o Supremo Tribunal Federal (STF) finalmente decidiu que a homofobia pode se enquadrar como crime via Lei Antirracismo. Essa decisão alterou a Lei 7.716/1989 e inclui a discriminação por sexo, orientação sexual ou identidade de gênero na legislação. A pena para esse crime inclui multa e reclusão, que pode durar de 1 a 5 anos.

No mesmo ano foi sancionada em Salvador a Lei Municipal 9.498/2019, conhecida como Lei Teu Nascimento, que caracteriza como infração o ato discriminatório contra pessoas em razão da orientação sexual e identidade de gênero. Apesar da proteção legal, os índices relacionados aos crimes de homofobia no país não caíram. Segundo relatório lançado na última quarta-feira (11) pelo Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+, ao todo o Brasil somou 316 mortes de pessoas LGBT em 2021. Esse número representa 33,33% a mais do que no ano anterior.

“O desafio maior dessa comunidade, no Brasil, não é exatamente a legislação, embora ainda se possam discutir melhorias e avanços nesse sentido. Mas, quando pensamos no combate à homofobia e a toda forma de discriminação contra as pessoas LGBTQIA+, vemos que, embora a decisão do STF de 2019 tenha sido uma importante conquista em termos de garantia da proteção legal, seus efeitos permanecem ainda muito simbólicos, uma vez que a eficácia da medida de criminalização deixa a desejar no dia a dia de quem mais sofre”, avalia Carolina Grant, professora da Faculdade Baiana de Direito e pesquisadora nas áreas de Direito, Gênero e Sexualidade.

Foto: divulgação

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