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SINDIPETRO QUESTIONA VALOR OFERTADO PARA VENDA DO POLO BAHIA TERRA E ALERTA PARA PREJUÍZOS

Redação - 12/05/2022 09:40

O Sindipetro Bahia recebeu com apreensão o comunicado da Petrobras sobre a nova rodada da fase vinculante do processo de venda do Polo Bahia Terra.  De acordo com a estatal, o consórcio formado pelas empresas PetroRecôncavo S.A (60%) e Eneva S.A (40%), apresentou  proposta com valor superior a US$ 1,4 bilhão, sendo convidada pela Petrobrás para a fase de negociação.

A entidade sindical ressalta que caso a venda seja concretizada a Petrobras sairá definitivamente do estado nordestino, pois este Polo, composto por 28 campos de produção onshore nas bacias do Recôncavo e Tucano, é atualmente a única unidade pertencente à Petrobras holding, na Bahia.

A preocupação da entidade sindical é também com as consequências da privatização que vem com a perda de postos de trabalho, fim de projetos sociais e redução de impostos para o estado e municípios, devido, por exemplo,  à decisão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) que reduziu os royalties de 10% para até 5%, para campos de petróleo e gás natural operados por empresas de pequeno e médio porte.

Há ainda outro grande problema, segundo o Diretor de Comunicação do Sindipetro Bahia, Radiovaldo Costa, que é o preço baixo ofertado  pelo consórcio formado pelas empresas  PetroRecôncavo  e Eneva. “Vale lembrar que em 14/10/2021, a Petrobras havia anunciado processo de negociação com a empresa Aguila Energia que apresentou proposta acima de US$  1,5 bilhão para adquirir estes mesmos campos de petróleo. Sites especializados apontaram, na época, que a oferta chegaria a US$ 1,9 bilhão”.

O sindicalista questiona a diferença dos valores ofertados pelas empresas em pouco mais de sete meses, uma vez que não houve mudança nas características dos campos que compõem o Polo que está à venda, houve sim um processo de valorização destes campos devido à alta do valor do barril do petróleo, que  hoje custa por volta de US$ 110,00. “Quando a Aguila apresentou esta proposta, em outubro do ano passado, o petróleo estava na casa dos US$ 81, o barril. Fazendo o comparativo, isso significa que houve uma valorização de cerca de 30% neste período de sete meses, então, por que vender por um valor mais baixo?”, indaga.

Desinvestimento da atual gestão da Petrobras provocou desvalorização dos ativos da empresa

Hoje a produção do Polo Bahia Terra, levando em conta o valor do preço do barril de petróleo, corresponde a uma arrecadação bruta de  cerca de  2 bilhões e 600 milhões de reais por ano. “Em quatro anos, qualquer empresa que comprar este Polo de petróleo recupera o valor investido, podendo aumentar entre 20% e 30% a produção porque a atual gestão da Petrobras, infelizmente, abandonou os campos de petróleo terrestres, ao deixar de investir para forçar a venda”, constata Radiovaldo, lembrando ainda que os jurídicos da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindipetro Bahia têm alcançado êxitos no retardamento das vendas das unidades da Petrobras na Bahia justamente para evitar os prejuízos para o estado e os trabalhadores e o mesmo será feito com o Polo Bahia Terra, uma venda que prejudica interesses diversos”, informa.

No entanto, o diretor de comunicação do Sindipetro, lembra que ainda há um longo caminho para que a venda possa ser concretizada uma vez que ela tem que passar pela aceitação da proposta por parte da Petrobras e pela aprovação dos órgãos competentes da estatal. “O histórico de vendas de campos de petróleo no Brasil mostra que o processo costuma ser demorado, em alguns casos leva mais de um ano. O problema, continua Radiovaldo, é que “o governo Bolsonaro e a direção da Petrobras têm pressa. Querem realizar a venda antes das eleições, o que pode ocasionar prejuízo ainda maior. Vamos lutar contra isto mesmo porque negócios de grande porte como este não podem ser feitos às pressas”.

Com produção iniciada em 1958, o Polo Bahia Terra engloba os campos de Bálsamo, Buracica, Araças, Taquipe, a Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN), diversos parques e todos os campos adjacentes destas áreas. É o maior bloco de campos negociado pela Petrobras na Bahia.

Saiba quais foram as unidades da Petrobras holding vendidas, fechadas ou arrendadas na Bahia

Polo Ventura –  (campos de Água Grande e de Rio Pojuca) – Vendido para  3R Petroleum em junho de 2021

Polo Recôncavo –  (campos de Candeias e de Dom João ) –  Vendido para a 3R Petroleum. A fase de transição final se deu no dia 10/05/2022.

Polo Miranga –   Vendido para a PetroReconcavo em dezembro de 2021

Polo Remanso – Vendido em definitivo para a PetroReconcavo em outubro de 2021

Polo Bacia de Tucano – (campos de Conceição e de Quererá) – Vendido para a empresa Origem em dezembro de 2020.

Refinaria Landulpho Alves – vendida para o grupo de investimentos árabe Mubadala em 01/12/2021. Atualmente administrada pela Acelen, empresa criada pelo Mubadala.

Edifício Torre Pituba (sede administrativa da empresa)  – Fechado em março de 2021, sendo a maioria dos trabalhadores diretos transferidos para outros estados.

Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (FAFEN-BA) – Arrendada para a empresa Proquigel.

Termelétricas – Vendidas em outubro de 2021

Foto: divulgação

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