O ministro da Defesa, general Paulo Sergio Nogueira, entrou no circuito em meio a mais uma crise deflagrada por Bolsonaro com o Supremo Tribunal Federal (STF). Além de um encontro com presidente da corte, Luiz Fux, nesta terça-feira, o ministro da Defesa pediu uma agenda com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. A reunião está previsto para a próxima semana. Aliados de Pacheco relataram à coluna que ele levará ao general preocupações sobre o questionamento da lisura do processo eleitoral e a postura das Forças Armadas. Na semana passada, esse foi um dos temas discutidos por um grupo de senadores com Pacheco, após se reunirem com magistrados do Supremo.
Na conversa desta terça-feira com Luiz Fux, o ministro da Defesa disse que “as Forças Armadas estão comprometidas com a democracia brasileira e que os militares atuarão, no âmbito de suas competências, para que o processo eleitoral transcorra normalmente e sem incidentes”, segundo nota do STF. Nos bastidores, porém, integrantes da cúpula militar já levaram a senadores preocupações sobre o período pós-eleições, caso Bolsonaro seja derrotado. Nos últimos dias, o presidente voltou a colocar em xeque, sem provas, a segurança das urnas e sugeriu que as Forças Armadas façam uma apuração paralela de votos à da Justiça Eleitoral.
Os ânimos entre os poderes voltaram a se acirrar nas últimas semanas, após o indulto concedido pelo presidente Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) e a declaração do ministro Luís Roberto Barroso de que as Forças Armadas estão sendo “orientadas a atacar e desacreditar o processo eleitoral”. A fala foi rebatida em nota pelo Ministério da Defesa, que a classificou como “irresponsável”.
Foto: Marcos Corrêa/Presidência/20-04-2021