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ALTA DA INFLAÇÃO É O PRINCIPAL PROBLEMA QUE A ECONOMIA ENFRENTA, DIZ PESQUISA BTG

admin - 02/05/2022 08:53

Segundo dados da pesquisa do banco BTG Pactual e do Instituto FSB Pesquisa, 94% dos  brasileiros acreditam que o país vive uma crise econômica, e 62% enxergam que há dificuldade para superar esse cenário. A inflação foi apontada como o maior impacto econômico para a população, com 60% das pessoas sendo muito afetadas por ela, com as dívidas (39%) e desemprego (38%) logo depois.

No contexto de variação de preços, com a inflação em 11,3% no acumulado de 12 meses e alta do custo de vida, a melhora da pandemia junto com a retomada econômica não estão sendo suficientes para grande parte dos brasileiros. Fazer cortes nas despesas, substituir certos alimentos e economizar no uso da energia e água em casa são algumas das soluções encontradas para passar pela crise.

Paulo Marcelo Oliveira trabalha há 6 anos como condutor escolar e conta que se sente totalmente “prejudicado pela situação econômica do Brasil. Minha categoria sofreu muito na pandemia, as escolas foram as primeiras a parar e as últimas a retornar. A gente olhou para todos os lados e viu que não tínhamos o que fazer”, lembra. “Até que surgiu a oportunidade de eu poder prestar serviço para uma empresa de transporte, mas com um salário bem abaixo do que eu tinha. A minha renda mensal diminuiu mais de 70%, porém foi importante para mim porque pelo menos a alimentação e os gastos básicos com água e luz eu pude manter”, diz Paulo.

E mesmo com o retorno das aulas e a volta do trabalho de condução escolar, a situação está longe de ser como antes da pandemia. Para ele, o que mais tem pesado é o aumento de preço dos alimentos e das contas de casa: “As coisas vêm piorando este ano, eu me sinto com um sentimento de impotência às vezes, de que a gente não é capaz de mais nada porque o dinheiro não tem mais valor”.

“Se você for no mercado no dia 3 do mês e ver o valor do produto, se você volta lá no dia 15 vai estar mais caro, as coisas estão aumentando não chega nem a ser mensalmente. A carne, o feijão, até alimentos básicos como pão estão caros”, afirma Paulo. Dentre as mudanças no dia a dia de sua família, ele diz que o pão já está sendo substituído por produtos mais baratos e que duram mais como aipim e banana da terra.

Trocar alimentos, como a carne por frango, é outro costume que começou a acontecer com mais frequência. Segundo estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) em parceria com o Citizen, o preço da carne bovina aumentou cerca de 146% na pandemia, entre abril de 2020 e outubro de 2021. Esse foi o item com a maior diferença em comparação ao índice oficial de inflação do período (12,53%).

A estudante universitária Kizzy Lumumba trabalha com marketing digital e mora junto com o irmão em Salvador. Ela conta que tem sentido bastante o aumento dos preços, principalmente nos itens do mercado. “Antes eu gastava R$ 300 na compra mensal e depois semanalmente comprava as coisas mais perecíveis, mas agora eu tenho que gastar muito mais e eu continuo ganhando a mesma coisa. Eu estou tendo que aumentar o preço da minha feira”, explica.

Apesar dessa ser uma crise que se iniciou a mais de 2 anos, Kizzy diz que nos últimos meses foi quando começou a perceber ainda mais a inflação: “O principal impacto é que minhas compras foram sendo cortadas, compro mais o básico e para economizar eu comecei a preferir um produto que é mais barato do que um outro com a qualidade melhor que antes eu comprava”.

E apesar do retorno das atividades presenciais ter saldos positivos para a economia, a estudante aponta que isso tem implicado na volta de certos gastos como a alimentação fora de casa e o transporte, que ela aponta estar encarecendo também com o preço da gasolina. “Ainda bem que divido a casa, com essa economia é até mais viável porque pagamos junto as contas de energia e água”, diz.

E para o futuro, a falta de esperança é grande ainda. A pesquisa do BTG Pactual mostrou que 80% dos brasileiros acham que a inflação irá aumentar ou ficar igual ao que está pelos próximos seis meses. “Eu não sou nem um pouco otimista em relação ao preço das coisas nesse país. A única esperança que eu tenho é em mim mesma, de trabalhar pra conseguir me sustentar melhor dentro desse cenário”, comenta Kizzy.

Foto: divulgação

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