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PREFEITOS E GOVERNADORES QUE RENUNCIAM PARA DISPUTAR ELEIÇÃO TÊM HISTÓRICO DE DERROTAS NAS URNAS

Redação - 29/04/2022 08:37

Governadores e prefeitos de capitais que renunciaram a seus cargos no início do mês para disputar novos postos nas eleições deste ano enfrentam dificuldades para ampliar ou manter alianças e palanques para suas campanhas, diante de um histórico recente desfavorável. Em 2010 e 2018, apenas três dos dez prefeitos que se afastaram no meio do mandato foram bem-sucedidos ao tentar voos mais altos — em 2014, nenhum se candidatou. O índice de sucesso foi similar ao de governadores que se aventuraram nas duas últimas eleições, deixando os Executivos estaduais na reta final de mandato.

Os fracassos eleitorais da última década se relacionaram com o avanço da Operação Lava-Jato sobre alguns dos governantes que se candidataram e também com a onda de manifestações, entre 2013 e 2016, que afetaram a popularidade de gestores estaduais e municipais. Já neste ano, candidaturas de ex-governantes em nove estados passam por turbulências geradas pelo controle da máquina administrativa por parte de adversários, em alguns casos, e por dificuldades para manter alianças.

Entraves para alianças

Em Minas, onde Alexandre Kalil (PSD) renunciou à prefeitura de Belo Horizonte para concorrer ao governo, há entraves para uma aliança com o PT, do ex-presidente Lula. Para firmar o palanque, o PT deseja que Kalil apoie ao Senado o petista Reginaldo Lopes, mas o PSD já tem como pré-candidato o senador Alexandre Silveira. Silveira tem boa relação com o governador Romeu Zema (Novo), postulante à reeleição, e com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), principal nome da sigla no estado.

Além de Kalil, outros dois prefeitos de capitais que deixaram os cargos — Gean Loureiro (União), de Florianópolis, e Marquinhos Trad (PSD), de Campo Grande — devem concorrer contra candidatos ao governo apoiados pelas máquinas estadual e federal. Trad esperava obter o apoio do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), a quem apoiou na última eleição, mas terá de enfrentar o pré-candidato tucano Eduardo Riedel. Aliado da ex-ministra Tereza Cristina (PP), postulante ao Senado, Riedel pode atrair o presidente Jair Bolsonaro para seu palanque. Já o ex-prefeito tem mirado partidos menores, como Patriota e PTB. — O PSDB deve ter um arco maior de alianças. Para o Marquinhos (Trad), será importante mostrar na campanha que fez uma gestão democrática bem avaliada na capital — afirmou o deputado Fábio Trad (PSD-MS), seu irmão.

Em Santa Catarina, além de costurar uma aliança com o PSD, Loureiro ainda busca atrair o MDB, que elegeu o maior número de prefeitos no estado em 2020. O acordo, contudo, passa pelo alinhamento nacional das duas siglas, e o União tem sinalizado que pode desembarcar do bloco da terceira via. Contra as prováveis candidaturas do governador Carlos Moisés (Republicanos), candidato à reeleição, e do senador Jorginho Melo (PL), apoiado por Bolsonaro, aliados de Loureiro dizem que é fundamental firmar alianças que ampliem sua capilaridade, já que Florianópolis não é sequer o maior colégio eleitoral do estado. — Gean mostrará seus êxitos na capital, mas é importantíssimo atrair apoios em regiões com peso eleitoral — disse o deputado Fábio Schiochet (União-SC).

Dificuldade com a base

No caso de ex-governadores, Flávio Dino (PSB) no Maranhão, Camilo Santana (PT) no Ceará e Renan Filho (MDB) em Alagoas, que disputarão vaga no Senado, ainda vivem desafios para aglutinar a base em torno de sucessores. O caso mais sensível é o cearense, em que o PT de Camilo e o PDT do senador Cid Gomes (CE), um de seus principais aliados, já explicitaram divergências na definição do candidato ao governo. O PT apoia a vice de Camilo, Izolda Cela (PDT), que assumiu o mandato em abril, mas o ex-prefeito de Fortaleza, o pedetista Roberto Cláudio, busca ser candidato com apoio do presidenciável Ciro Gomes (PDT). Também renunciaram ao governo João Doria (PSDB), em São Paulo, Eduardo Leite (PSDB) no Rio Grande do Sul — ambos aspiram concorrer à Presidência — e Wellington Dias (PT), no Piauí.

Foto: Arte / Agência O Globo

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