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GREVE DEIXA USUÁRIOS DO INSS SEM ATENDIMENTO

Redação - 27/04/2022 10:40 - Atualizado 27/04/2022

Quem precisa utilizar os serviços do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) sofre com a paralisação dos servidores. Os 140 postos e sete agências da Bahia estão com os serviços suspensos e, segundo a Associação dos Médicos Peritos, cerca de 22 mil perícias deixaram de ser feitas no estado durante greve que completou 31 dias. O coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde, Trabalho e Previdência (Sindprev) Bahia, Edvaldo Santa Rita, explica que os atendimentos são realizados por uma empresa privatizada de call center. “Essa empresa está sob o controle do INSS, mas eles estão marcando perícia mesmo sabendo que os médicos estão em greve, não faz sentido. Os trabalhadores vêm de longe e não conseguem ser atendidos porque não há médicos peritos para a demanda. O INSS tem que se posicionar e parar de fazer essas marcações”.

Macicleia Cunha fez o trajeto de quase 5 horas de ônibus de Capela do Alto Alegre a Salvador pela segunda vez neste mês e não conseguiu ser atendida na terça-feira, 26. “Eu liguei para o 135, perguntei se tinha atendimento mesmo com a greve e eles confirmaram. Eu já tinha vindo no dia 6 e remarcaram, estou afastada do trabalho e preciso da perícia por conta de um desvio na coluna que me causa dores. Já gastei R$ 260 em viagens de ônibus tentando esse atendimento”.

A central telefônica também garantiu atendimento para a dona de casa Bárbara Souza, 60 anos, que cuida do seu irmão, dependente físico e mental. “Marquei o atendimento na semana passada, questionei a situação da greve e me disseram que com certeza eu seria atendida. Chegando na sede do INSS, dei de cara com a porta fechada e os seguranças foram muito ríspidos e agressivos”, denuncia.

José Carlos Teixeira é cadeirante e afirma ter tido muita dificuldade para sair de Cajazeira 10 até a sede do INSS em Brotas. “Eu tive que solicitar um motorista de aplicativo e estou sem condições para ter esse custo. Eu chequei no aplicativo e um amigo ligou para central telefônica confirmando o atendimento, que marquei há 15 dias, mas não fui atendido”, conta e acrescenta que precisou mobilizar a esposa para ajudá-lo a ir ao INSS.

Não há previsão para o fim da greve dos servidores. “Não há alteração. Fizemos uma assembleia do Sindprev para fazer um balanço dos 30 dias de greve. A adesão dos trabalhadores está cada vez maior e não nos intimidamos com a sinalização do governo para o desconto dos dias paralisados na folha do pagamento”, assegura o coordenador. Já ocorreram duas negociações entre o Ministério da Economia e o presidente do INSS, José Carlos Oliveira, mas não houve documentação das reuniões nem avanço.

Os médicos peritos aderiram à greve no dia 30 de março. “O governo não cumpriu o acordo de negociação e os médicos entraram em paralisação, após dois dias de aviso prévio. O INSS entrou com uma ação contra a categoria, mas o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) julgou a greve legal. Em nível nacional, está ocorrendo 30% dos atendimentos, mas em Salvador a adesão é muito grande”, explica a médica Rosilene Tavares, da regional da Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP). Os servidores pedem a realização de concurso público, reposição salarial de 19,9% e melhoria das condições de trabalho nas unidades da Previdência Social.

Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE

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