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EXPOSIÇÃO DE ARTE NEGRA NO MAM COMEÇA NESTA SEGUNDA (18)

Redação - 18/04/2022 15:38

O popular, o moderno e o contemporâneo se encontram a partir desta segunda-feira (18), no Museu de Arte Moderna da Bahia, na exposição Encruzilhada, que terá vernissage às 18h, aberta ao público. As mais de 300 peças que integram o acervo são relacionadas à cultura africana e estão nos mais diversos suportes, como máscaras, pinturas, desenhos e esculturas.

“É uma mostra voltada para a cultura africana, diaspórica e para a produção afrobrasileira, com mais de 50 artistas baianos, além de dezenas que são de outros estados. No total, há obras de mais de cem artistas”, informa Daniel rangel, curador do MAM, que divide a curadoria de Encruzilhada com o artista plástico e pesquisador Ayrson Heráclito.

Artistas contemporâneos, como Bernardo Conceição e Júnior Pakapym, terão obras ao lado de modernistas como Di Cavalcanti, Pierre Verger e Mário Cravo Júnior. Segundo Daniel, a maioria dos artistas que expõem é de afrodescendentes, mas há também brancos que trabalham com o legado africano.

Além desses artistas brasileiros consagrados, há obras de anônimos africanos que estarão na exposição. Essas peças integram a Coleção Claudio Masella de Arte Africana, que pertence ao Estado da Bahia e se junta à mostra.

Esta coleção é formada por objetos que representam etnias de 15 países da África, como máscaras, estatuetas, instrumentos e utensílios, confeccionados em materiais que variam entre terracota, madeira, metal e marfim. O acervo é marcado pela riqueza e diversidade da produção cultural africana do final do século XIX e do século XX.

Masella (1935-2007) morou na Nigéria e Senegal, onde montou fábricas de móveis. A sua paixão pelas artes e tradições africanas o fez colecionador. Casado com a pernambucana Conceição Ramos, ele conheceu Salvador e se encantou com a presença do legado africano em nossa cultura. Em 2004, doou sua coleção ao Estado. Segundo Daniel, entre as peças, estão ibejis, exus, tambores, mesas de madeira e máscaras de diversas etnias.

Ayrson Heráclito observa que o acervo de Masella veio para a Bahia com o intermédio do pai de santo Júlio Braga, que negociou a doação com o Estado. “Esta coleção africana é importantíssima porque o Brasil e a Bahia têm uma comunidade grande de descendentes de africanos, que foram escravizados. Então, isso reforça uma relação de pertencimento”, defende o curador.

Ayrson ressalta que a Europa adquiriu obras africanas de maneira “questionável”, segundo ele, dentro de uma lógica colonialista. “Estando na Bahia, elas ganham outro significado, porque estabelecem uma ponte com a coleção do Museu, que é relacionada a artistas afrobrasileiros importantes”, acredita Ayrson.

Para o curador, a Europa tratava essas peças apenas como simples objetos, mas não como “sujeitos”. “Na construção de acervos antropológicos e etnológicos, a produção artística africana foi reduzida. Então, a exposição abre um debate importante sobre isso”, diz Ayrson.

A princípio, Encruzilhada fica em cartaz até dia 14 de agosto, mas, a depender da demanda, pode ser prorrogada, segundo Pola Ribeiro, diretor-geral do MAM-BA. O gestor ressalta que o Museu é procurado não apenas por causa das exposições: “Além das exposições e de ser ponto turístico, tem ainda cinema, café, livraria, projeto de gastronomia e música, além das atividades educativas e outras ações”.

Com a flexibilização das medidas sanitárias relacionadas à pandemia, o MAM, aos poucos, vai retomando suas atividades. Três cursos presenciais acontecerão em breve. As inscrições já estão abertas e seguem até dia 25, no site www.mam.ba.gov.br/oficinas-do-mam/.

São oferecidos três cursos com especialistas nas suas áreas. Goya Lopes está em Pesquisa e Processo de Criação. Haverá um curso sobre audiodescrição, com a professora Sandra Rosa, o consultor em audiodescrição Ednilson Sacramento e as professoras Deise Medina e  Alejandra Muñoz. Caetano Dias promove o curso Como Existir Entre Mundos.

Em breve, o MAM vai realizar o Acervo da Laje, programa de residência artística da instituição. A tradicional Jam no MAM retorna em maio, em duas edições. E projeto Museu-Escola, parceria com a Secretaria de Educação do Estado, também terá início.

 

 

 

 

FONTE: CORREIO

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