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RENDA MÉDIA CAI E ATINGE MÍNIMA HISTÓRICA NAS REGIÕES METROPOLITANAS: R$ 1.378

Redação - 07/04/2022 11:43 - Atualizado 07/04/2022

R$ 1.378. Era essa a renda média dos brasileiros no último trimestre de 2021, nas regiões metropolitanas do país. Mesmo com o aumento da população ocupada, é o menor valor da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012 – com o empobrecimento atingindo todas as classes sociais. Os dados estão na sétima edição do boletim Desigualdade nas Metrópoles, antecipado com exclusividade ao g1.

O estudo foi produzido em parceria por pesquisadores da PUC-RS, do Observatório das Metrópoles e da Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL), a partir dos dados da PNAD Contínua trimestral, do IBGE.

Diferentemente do observado num primeiro momento da pandemia, quando a queda da renda média foi puxada pelo tombo dos rendimentos dos mais pobres e dependentes do trabalho informal, a piora nos últimos trimestres tem sido pressionada principalmente pelo impacto da inflação entre aqueles que ganham mais. Segundo o levantamento, a renda domiciliar per capita do trabalho nas regiões metropolitanas caiu pelo segundo trimestre seguido e atingiu R$ 1.378 no final de 2021, o pior nível em 10 anos. Veja gráfico abaixo:

O que são os indicadores

A renda média é calculada a partir da soma de todos os rendimentos provenientes do trabalho, incluindo o setor informal, dividida pelo número de moradores por domicílio nas regiões metropolitanas, com preços deflacionados até o 4º trimestre do ano passado.

De acordo com o estudo, a renda média domiciliar per capita ao final do ano de 2021 ainda era 10,2% menor do que o patamar pré-pandemia. No 1º trimestre de 2020, estava em R$ 1.535 em termos reais. Na máxima da série histórica, chegou a R$ 1.568.

Já a desigualdade, medida através do coeficiente de Gini – que varia de 0 até 1, sendo mais alta quanto maior for a desigualdade – recuou para 0,602 na média das metrópoles, o mesmo valor registrado no 1º trimestre de 2020, logo antes de se registrarem os efeitos da pandemia, indicando uma reaproximação do patamar pré-pandêmico, mas ainda distante da melhor marca, de 0,566 do final de 2014.

“Estamos chegando a um nível de desigualdade que é similar aquele anterior à pandemia, mas numa sociedade mais empobrecida, com uma renda média bem mais baixa. Está todo mundo mais pobre”, resume Andre Salata, pesquisador da PUC-RS e coordenador do estudo.

Movimentos distintos para os estratos de renda

No 4º trimestre de 2021, pela primeira vez, a perda de rendimento em relação ao patamar pré-pandemia foi maior para o estrato do topo da pirâmide de renda do que para a faixa dos mais pobres. Segundo o levantamento, a renda média per capita dos 40% mais pobres, que estava em R$ 195 no final de 2020, subiu para R$ 239 no final 2021. Ao mesmo tempo, a média entre os 10% mais ricos caiu de R$ 6.917 para R$ 6.424 em 1 ano. Veja gráfico abaixo:

No início da pandemia, os 40% mais pobres chegaram a perder quase um terço (32%) da renda proveniente do trabalho, enquanto que o rendimento médio dos 10% mais ricos recuou apenas 2,5%.

Com a reabertura praticamente total da economia e fim das medidas restritivas, o movimento se inverteu. No 4º trimestre de 2021, o rendimento médio dos mais pobres se situou 8,9% abaixo do patamar pré-pandemia, enquanto que o do topo da pirâmide passou a registrar uma perda de 12,8% em relação ao valor do 1º trimestre de 2020.

“Com a vacinação e a possibilidade da retomada da atividade econômica, a renda dos mais pobres, que tinha despencado e ido parar no fundo do poço, começa a se recuperar, ainda que lentamente. Enquanto isso, a renda dos mais ricos começa a ter uma queda mais clara”, afirma Salata.

Marcelo Ribeiro, professor da UFRJ e também coordenador do boletim, explica que o grupo dos 40% mais pobres reúne majoritariamente famílias ocupadas em atividades informais. Com a chegada da pandemia e as restrições de circulação, muitas delas ficaram em casa, sem renda.

Com a reabertura da economia, esses trabalhadores têm voltado a mercado de trabalho, ainda que em ocupações precárias ou fazendo bicos, o que contribui para aumentar o rendimento médio deste estrato. “Os 10% mais ricos estão em geral em ocupações com proteção social, com carteira de trabalho, e eles conseguiram assegurar seus empregos e renda no primeiro ano da pandemia”, afirma.

Foto: divulgação

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