Por: Vitória Estrela
O dialeto “baianês” é um dos primeiros que surgiram no linguajar variante do povo brasileiro. Sua formação deu-se graças à influência da Cidade de Salvador, a primeira sede do Brasil-Colônia, a qual abrigou a maioria das instituições administrativas àquela época. A Bahia sofreu grandes influências de diversas migrações e contatos com inúmeros povos, desde europeus, até indígenas e africanos.
Com o tempo, a linguagem baiana tomou identificação, inclusive até um dicionário foi criado, o Dicionário Baianês, com quase trinta anos desde a sua primeira edição. Em entrevista ao Portal Bahia Econômica , o linguista baiano, Fábio Fonseca, professor de Língua Portuguesa e Literatura brasileira, citou como ponto fundamental do dialeto, o costume baiano de abreviar palavras e acabar criando outras com significado diferente, “Algumas palavras inventadas se espalham por outras regiões, como ‘periguete’, a qual se transformou em ‘piriguete’. Essa expressão primordialmente significa ‘um tipo de mulher que oferece perigo’, após um tempo tornou-se o nome dado à latinha de cerveja de 269ml, criando-se afetivamente o termo ‘piri’ “, disse.
Apenas os baianos parecem entender e se compreender com relação ao seu dialeto, muitos trazem em suas prosas e poesias declamadas ou cantadas, termos da sua própria variação geográfica regional. Na internet, existem diversas postagens com a frase “Você é baiano? Então diga tal termo em um bom ‘baianês’!”.
“A novela ‘Segundo Sol’, por exemplo, mostrou ao Brasil que a nossa linguagem faz o brasileiro se tornar poliglota na própria língua. A expressão ‘Meu rei’ foi um termo utilizado no meado dos anos oitenta, uma espécie de vocativo afetivo, inclusive citado em uma das músicas de Durval Lelys ‘ Qual é a sua, meu rei? Eu só quero passar..”, explicou o professor.
Por fim, o linguista baiano, citou a estigmatização e o preconceito atrelados à tal linguagem. “O ‘baianês’ é um dialeto muito rico socioculturalmente, mas infelizmente estigmatizado, pois sofre preconceito, principalmente, na mídia brasileira, na qual, tal linguagem é relatada, em boa parte das situações em tom de comédia”.