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SEM O ‘EFEITO FORD’, INDÚSTRIA BAIANA ESPERA CRESCIMENTO ACIMA DA MÉDIA EM 2022

Redação - 17/03/2022 20:00 - Atualizado 17/03/2022

Por Gabriela Marotta

O PIB da Bahia cresceu 4,1% em 2021. No entanto, o crescimento foi puxado pelo agronegócio, diferente do que ocorria em anos anteriores, quando essa força econômica vinha das indústrias no estado. Ao Bahia Econômica, o presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, Ricardo Alban, explica que, na realidade, a indústria baiana não foge ao que está acontecendo no Brasil e critica uma falta de política industrial no país.

“O país não tem uma política industrial há muitas décadas. Precisamos de uma nova política industrial que devolva o dinamismo ao setor no país, normalmente responsável pelos empregos mais qualificados e por avanços tecnológicos. Não podemos apenas ser um país de commodities agrícolas e minerais, precisamos agregar valor e ter um encadeamento produtivo em setores estratégicos”, explica o gestor.

Ainda de acordo com Alban, a Bahia tem tido uma performance abaixo da média nacional há alguns anos por conta da dificuldade em atrair investimentos para o setor e com o esgotamento das políticas de incentivo fiscal. “Como exceção a esse quadro geral de dificuldades, podemos citara implantação de parques de geração de energia eólica e solar; a retomada da Fafen pelo grupo Unigel;os investimentos na Refinaria de Mataripe por parte da ACELEN (fundo Mubadala);e o setor de mineração que tem crescido bastante aqui no estado”, reitera.

Aliado a essas dificuldades, outro grande entrave para o setor industrial baiano foi a saída da Ford, em 2021, do pólo de Camaçari, que representava o 7º maior setor da indústria de transformação do estado. Portanto, de acordo com o presidente da Fieb, “com certeza a saída da Ford teve relevância na performance da indústria baiana em 2021”, que teve queda em seu rendimento neste ano, mas não só ela. “Além disso, em 2021 houve parada para manutenção e outras dificuldades operacionais na refinaria de Mataripe, que provocou redução na produção do setor de refino, especialmente no primeiro semestre do ano passado”, completa Alban.

No entanto, a Fieb se mostra otimista quanto ao futuro do setor industrial baiano, com uma expectativa de crescimento acima da média nacional, com menor reflexo da saída da Ford. “Neste ano não teremos mais o efeito Ford, que, como disse, influenciou no resultado do setor no ano passado. Temos também outros fatores, como a retomada da produção da Fafen, o retorno à produção plena da Refinaria de Mataripe. A própria construção da ponte Salvador-Itaparica, caso consiga ter início até o meio do ano, deverá representar um impacto no encadeamento produtivo da construção civil aqui na Bahia”, explica.

“Mas a indústria baiana ainda tem muitos desafios, como a reedição da MP que revoga o Regime Especial da Indústria Química (REIQ), medida que vai impactar a indústria petroquímica, importante segmento da nossa matriz industrial”, conclui.

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