O COPOM aumentou a SELIC em mais 1 ponto percentual, elevando a meta de juros básicos para 11,75% ao ano, em linha com a expectativa predominante no mercado. Os membros do Comitê demonstram que temem o aumento da pressão inflacionária no Brasil e no mundo, inclusive nas economias mais desenvolvidas, como desdobramento do nível de oferta global ainda em recuperação, custos com energia mais elevados e questão fiscal como uma constante de preocupações.
Somado a isso, há um agravamento no cenário diante do conflito entre Rússia e Ucrânia, o que abrange o aumento nos preços de commodities, com destaque para a alta na cotação internacional do barril de petróleo, que tem impactos mais rápidos sobre os custos de produção e os preços aos consumidores finais.
Por isso, de olho no controle dos preços para 2022 e 2023 e, portanto, evitando a desancoragem das expectativas de inflação por parte dos agentes do mercado, os dirigentes do Banco Central acreditam ser melhor praticar juros mais altos, ainda que isso implique em abrir mão de um nível de atividade mais aquecida e da busca pleno emprego.
Além disso, o Comitê também anunciou que visa realizar um aumento de mesma magnitude na SELIC (1 ponto percentual) na sua próxima reunião (no início de maio), levando a meta para a taxa básica de juros para 12,75%, patamar que tende a vigorar até o final de 2022 e ser reduzido para 8,75% até o final de 2023. Contudo, os membros do COPOM reforçaram que ajustes nesta previsão de trajetória para a SELIC podem ser necessários conforme surjam mudanças relevantes no balanço de riscos, que deve ser avaliado ao longo do tempo.
No atual cenário de juros mais elevados no Brasil, investimentos em Renda Fixa tornam-se cada vez mais atrativos, pois já é possível encontrar títulos públicos federais e no mercado privado que remuneram juros reais positivos, ou seja, acima da estimativa de inflação para 2022, 2023 e até mesmo para prazos maiores. Contudo, é importante ter em vista que, caso a inflação suba acima do esperado, os títulos de renda fixa devem ter suas taxas aumentadas, por isso, é importante escolher bem os papéis e prazos para aplicar hoje, tendo em vista conseguir margem de manobra para buscar rentabilidades maiores, num cenário de IPCA mais elevado no País.
Ainda assim, reforço que os investimentos em Renda Variável não devem ser deixados de lado, uma vez que é justamente em períodos de crise e de juros mais elevados que surgem grandes oportunidades de investimentos. Ressalto que esta modalidade de investimentos deve ser dosada conforme a tolerância ao risco de cada investidor, bem como deve ser observada a sua disponibilidade de capital no longo prazo, tendo em vista a volatilidade dos ativos de risco. Neste cenário, sigo otimista com oportunidades específicas na Bolsa brasileira, em ações e Fundos Imobiliários, mantendo também um percentual de exposição à bolsa americana, como um componente de diversificação geográfica e ancoragem em ativos de moeda forte.
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