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ECONOMISTA PREVÊ SELIC DE 13% NA PROXIMA QUARTA

Redação - 14/03/2022 10:24

Veja a analise da semana econômica do Economista-Chefe| Suno Research , Gustavo Sung –

Diferentemente das últimas reuniões, o Copom não sinalizou a magnitude do aumento da Selic para esta reunião. A nossa expectativa é de uma alta de 1,0 p.p. na taxa de juros.

Com a pressão vinda do mercado de commodities, diante do conflito entre Ucrânia e Rússia, o ciclo de alta de juros deve terminar acima do esperado anteriormente, de 12,25% a.a

A tendência é de uma Selic mais próxima de 13,0% a.a. a depender da evolução do cenário.

A fim de obter mais informações sobre o conflito e a persistência dos choques, o Banco Central precisará ter uma comunicação adequada para não desancorar, no curto prazo, as expectativas dos agentes quanto à inflação nos médio e longo prazos.

Nesta terça-feira (15/03), teremos o primeiro dia de reunião do Copom e do FOMC, com ambas as decisões saindo na quarta-feira (16/03).

De forma breve, em relação aos Estados Unidos, a tendência é de que haja um aumento da taxa de juros, em linha com as últimas declarações dos membros do comitê. A banda deve aumentar dos atuais 0,0% a.a. – 0,25% a.a. para 0,25% a.a. – 0,50% a.a. Ainda, é esperado novas diretrizes para as próximas reuniões.

Já no caso brasileiro, diferentemente dos últimos comunicados, o Banco Central (BC) não especificou a magnitude do novo aumento da Selic para essa semana. A nossa expectativa é de um aumento de 1,00 p.p. (100 bps), levando a taxa de juros para 11,75% a.a.

A grande questão é: o conflito e a recente alta das commodities irão influenciar a decisão do BC sobre a trajetória da taxa de juros?

No curtíssimo prazo, não. Utilizando como referência as últimas atas do Copom, a autoridade monetária deverá prezar pela cautela para não tomar qualquer atitude precipitada que leve, por exemplo, à redução da atividade econômica.

Como a extensão do conflito ainda é incerta e, consequentemente, a pressão sobre o mercado de commodities, o BC deverá manter o plano de voo a fim de obter mais informações. Principalmente, o grau de persistência desse choque.

Logo, para reunião desta semana, não antevemos nenhuma decisão mais tempestiva ou mudança radical na comunicação.

Mesmo que o conflito termine nas próximas semanas e as cotações se acalmem, o salto nos preços das commodities deverá ser absorvido pelos agentes econômicos, sendo um fator extra para pressionar a inflação.

O trabalho do BC será em sua comunicação, visando não desancorar as expectativas de inflação para horizontes mais longos. Uma mensagem clara e dura pode segurar as pontas até a próxima reunião, enquanto colhe mais dados da economia.

Em relação à inflação, a nossa perspectiva é de que o IPCA termine em torno de 6,0%, com viés de alta. Os dois grupos de maior peso na composição do índice são Alimentação e bebidas, e Transportes. Ambos são influenciados por esse cenário externo e, dentro os itens, a gasolina é o mais relevante.

Na última quinta-feira (10/03), a Petrobras anunciou um novo reajuste nos preços dos combustíveis. A companhia elevou a gasolina, diesel e o GLP em 18,7%, 24,9% e 16%, respectivamente. Logo, teremos uma nova pressão inflacionária.

Medidas para tentar segurar o repasse, mas que piorem o cenário fiscal, farão os investidores exigirem um prêmio de risco maior. Na ata da reunião do Copom de fevereiro:

“O Comitê nota que mesmo políticas fiscais que tenham efeitos baixistas sobre a inflação no curto prazo podem causar deterioração nos prêmios de risco, aumento das expectativas de inflação e, consequentemente, um efeito altista na inflação prospectiva.”

A boa notícia é que a melhora dos reservatórios e a possível redução da bandeira tarifária, além da queda do IPI, podem trazer alívio para a inflação até o final do ano.

Vale lembrar, que o objetivo da autoridade monetária é levar a inflação para o centro da meta no horizonte relevante, 2022-23. Entretanto, dificilmente o BC conseguirá cumprir com isso este ano e dará mais peso para 2023.

Em nosso cenário, que terá revisão após o anúncio do BC, temos como taxa terminal de 12,25% a.a. em 2022.

Porém, com o estouro da guerra, acreditamos que a autoridade monetária irá levar a Selic para o campo mais contracionista ao longo do ano, chegando mais próximo de 13,0% a.a. E, quedas na taxa de juros em 2023 podem ser postergadas ou terem reduções marginais mais lentas.

Não podemos deixar de citar, o BC tem mostrado em diversas ocasiões a preocupação com o risco fiscal do país. Apesar da boa arrecadação, que consideramos uma questão pontual, a falta de continuidade das reformas e medidas eleitorais que abram os cofres públicos, pressionam a taxa de juros.

Por fim, a mudança na política monetária nos Estados Unidos pode levar a à saída de capital dos países emergentes em busca de ativos mais seguros e rentáveis. Essa migração, acompanhada de uma desvalorização cambial das moedas destes países, aumentaria a pressão sobre a inflação. O remédio para atenuar esse choque é um aumento na taxa de juros.

Impacto sobre o mercado de renda fixa

Na renda fixa, de acordo com o head dessa área na Suno Research, Vinicius Romano, o Banco Central deve continuar com o aumento da taxa Selic para acima de 12% ao ano. No entanto, o desdobramento dos conflitos entre Rússia e Ucrânia somados ao risco inflacionário e iminentes altas dos juros norte-americanos podem pressionar ainda mais a nossa taxa básica – resultando em mais aberturas na curva de juros nominais.

Para nós, o cenário ainda apresenta muitas incertezas, o que exige cautela e paciência. Dessa forma, a nossa preferência é pelos títulos pós-fixados, seguidos dos papéis IPCA+ com duration mais curta.

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