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MERCADO JÁ VÊ SELIC A ATÉ 14% COM GUERRA NA UCRÂNIA

Redação - 10/03/2022 07:36

Sem resolver todos os estragos causados pela pandemia de covid-19 na inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne na semana que vem com mais bombas no colo. A disparada do petróleo e de outras commodities no mercado internacional por conta da guerra na Ucrânia já colocou as projeções de inflação em marcha e as discussões no governo para amenizar o impacto nos preços de combustíveis podem ser um incômodo a mais para o mercado, especialmente se houver implicações fiscais.

Por ora, a maioria dos economistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast ainda espera que o BC opte por um aumento de 1 ponto porcentual da Selic, de 10,75% para 11,75% ao ano, o que já seria o maior nível em cinco anos. Mas já está no radar um ciclo de altas mais longo que o esperado anteriormente, com a taxa de juros chegando até a mais de 13%. Para os especialistas, além disso, é provável que a Selic mais alta seja mantida por um tempo maior do que se esperava antes.

Os economistas lembram, porém, que uma eventual solução para conter a alta dos combustíveis (em discussão no governo) que aumente o risco de deterioração fiscal joga no sentido de mais juros. No Relatório Focus desta semana, a mediana para a Selic no fim do ciclo e no término de 2022 ficou em 12,25%, mas a projeção para 2023 subiu de 8% para 8,25% e para 2024, de 7,25% para 7,38%. Já para o IPCA, o índice oficial de inflação, as medianas são de 5,65% para este ano, acima do teto da meta (5,0%), 3,51% para 2023 e 3,10% para 2024, taxas superiores ao alvo central de 3,25% e 3,00%, respectivamente.

“O petróleo já avançou 32% desde o início da guerra e o trigo, 65%. No Brasil, ainda pode faltar fertilizantes. Então, não há dúvida do impacto sobre a inflação. A ação do BC vai depender de quanto vai insistir em colocar rapidamente a inflação na meta em 2023. Este ano é impossível cumprir a meta. Se o BC está olhando para 2023, pode ir com mais calma, com uma alta de 1 ponto e depois esperar um pouco para avaliar”, diz Sérgio Werlang, assessor da presidência da FGV e ex-diretor do BC.

Para o economista-chefe da Garde Asset, Daniel Weeks, o BC também deve aumentar a Selic em 1 ponto porcentual na semana que vem. Em sua avaliação, com a mudança do cenário provocada pela guerra na Ucrânia, o risco maior é de mais altas de 1 ponto do que de um aperto do juro de 1,25 ponto. “Acho que faz sentido ir com cautela até para entender qual é o tamanho do problema.”

Fonte: Agência Estado

Foto: Marcelo Casal Jr. / Agência Brasil

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