Os aumentos sucessivos nos preços dos combustíveis têm causado uma enorme dor de cabeça aos consumidores baianos nos últimos meses. No entanto, a situação ficou ainda mais complicada na semana passada, quando o estado passou a sentir no bolso os efeitos da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. O preço internacional do barril de petróleo chegou a US$ 139 (equivalente a R$ 704 na cotação atual), maior valor desde 2008.
Isso fez com que a gasolina, por exemplo, chegasse a custar R$ 7,99 o litro na maioria dos estabelecimentos. Em alguns, o valor ultrapassava os R$ 8. No caso da Bahia, o alto preço é reflexo principalmente de reajustes praticados pela Acelen, empresa privada que, desde o final de 2021, opera a refinaria de Mataripe, antiga Landulpho Alves (RLAM), que pertencia à Petrobras e foi vendida. Como já mostrou o Portal A Tarde, a operadora tem feito reajustes em quantidade e valor maiores que a média nacional. Setores da economia, sindicatos e órgãos públicos têm se posicionado a respeito da situação, seja avaliando os impactos ou buscando alternativas para tentar contorná-la. A reportagem consultou alguns deles.
Insatisfação das distribuidoras
O Sindicato das Distribuidoras de Combustíveis do Estado da Bahia (Sindicom-BA) manifestou “insatisfação” quanto aos aumentos ocorridos na última sexta-feira, 4, e, principalmente, pelo fato de o mesmo produto ser vendido a preços menores em outros estados do país. A entidade afirma que a política praticada pela Acelen “altera o fluxo logístico com mais caminhões nas rodovias, mais poluição, comprando-se o combustível fora do Estado e trazendo-o de volta”.
“Por ser produto indispensável e fornecedor privado, monopolista de fato, cabe ao Governo uma atenção especial a esses aumentos, contra a economia popular, independente das alegações de paridade internacional influenciada por guerra, preço de petróleo, frete e cotação de dólar”, diz a nota assinada pelo presidente do Sindicom, Luiz Gonzaga do Amaral Andrade.
Por sua vez, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) afirmou que não tem participação na formação dos preços dos combustíveis, não comenta variações e não faz previsões sobre reajustes. “Os preços dos combustíveis são livres no Brasil, por lei, desde 2002. São fixados pelo mercado. Não há preços máximos, mínimos, tabelamento, nem necessidade de autorização da ANP, nem de nenhum órgão público para que os preços sejam reajustados ao consumidor”, diz trecho da nota.
O órgão disse ainda que acompanha os preços dos combustíveis “como forma de dar transparência aos valores praticados no mercado” e publica um levantamento semanal que mostra os preços ao consumidor praticados pelos postos nos municípios e as médias nos estados e no Brasil.
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