A economia brasileira registrou um avanço de 4,6% em 2021 no Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país ao longo de um ano) e recuperou as perdas da pandemia, informou o IBGE nesta sexta-feira. O resultado representa uma melhora da atividade econômica brasileira, que recuou 3,9% em 2020, quando amargou a pior recessão em 30 anos.
O desempenho do PIB no ano passado veio em linha com as expectativas de mercado, que projetava alta de 4,5% segundo o Banco Central. Mas neste ano a economia deve perder fôlego, com inflação e juros altos, além das incertezas com a guerra da Ucrânia. O conflito já começa a ter efeito sobre a alta de preços no Brasil, como no caso do trigo – insumo do pãozinho -, e aumenta a pressão por reajuste de combustíveis, devido ao aumento do petróleo.
No quarto trimestre, a economia avançou 0,5%, após dois trimestres seguidos de queda. Assim, o país saiu da recessão técnica. O PIB per capita, que divide a produção de bens e serviços pela população, alcançou R$ 40.688,1 em 2021, um avanço real de 3,9% ante o ano anterior. Apesar da economia estar 0,5% acima do quarto trimestre de 2019, o PIB per capita segue abaixo do patamar pré-pandemia.
Como o Brasil continuou registrando crescimento populacional acima do crescimento econômico, o nível de riqueza e renda da população encolheu. Em outras palavras, significa dizer que o “bolo” ficou menor e passou a ter que ser dividido com mais pessoas, deixando o brasileiro mais pobre.
Construção sobe quase 10%
No ano, o crescimento da economia foi puxado pelas altas nos serviços (4,7%) e na indústria (4,5%), que juntos representam 90% do PIB do país. Por outro lado, a agropecuária recuou 0,2% no ano passado.
— É uma atividade econômica que não estava sofrendo tanto os efeitos da pandemia. No ano passado, tivemos vários efeitos climáticos, como a geada, o que prejudicou bastante o desempenho da agropecuária no ano passado, além do embargo da China à carne brasileira no quarto trimestre — explica Rebeca Palis, gerente de contas nacionais do IBGE. Após meses de fechamento do comércio e atividades com hotéis e restaurantes em 2020, a economia reabriu no ano passado. Com isso, o setor de serviços, que foi o mais afetado pela Covid, conseguiu se recuperar.
Todos os segmentos cresceram, com destaque para transportes, armazenagem e correios (+ 11,4%). Reflexo da volta das viagens e da mobilidade nos centros urbanos. O comércio avançou 5,5%. Na indústria, o destaque positivo foi o desempenho da construção que, após cair 6,3% em 2020, subiu 9,7% em 2021. As indústrias de transformação, com maior peso no setor, também cresceram (+ 4,5%), influenciadas pelo aumento na fabricação de máquinas e equipamentos e automóveis.
A indústria extrativa avançou 3,% com alta na extração de minério de ferro. A única atividade que não cresceu foi eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, que ficou estável, devido à crise hídrica. Já a agropecuária, que havia sido a estrela em 2020, recuou 0,2% em 2021, principalmente por fatores climáticos, como estiagem prolongada e geadas. Apesar de salto na produção de soja, as safras de café e milho foram fortemente afetadas pela falta de chuvas. No quarto trimestre, porém, foi o agro que puxou o avanço da economia. Neste ano, o setor deve ser afetado pela guerra na Ucrânia, especialmente devido a dependência da importação de fertilizantes. A Rússia é um dos principais produtores desses insumos.
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