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CRISE DO CLIMA PÕE 3,5 BILHÕES DE PESSOAS EM SITUAÇÃO ‘ALTAMENTE VULNERÁVEL’, DIZ IPCC

Redação - 28/02/2022 14:30

O grupo de especialistas recrutado pela ONU para avaliar a ciência sobre o clima divulgou hoje um novo relatório destacando o tamanho da população sob risco com o aquecimento global. “Entre 3,3 bilhões e 3,6 bilhões de pessoas vivem em contextos que são altamente vulneráveis à mudança climática”, diz o documento do IPCC (Painel Intergovernamental Sobre Mudança Climática). Essa cifra, baseada em uma revisão científica conduzida por 270 especialistas, está no relatório do grupo de trabalho 2 do painel, que além de impactos e vulnerabilidades trata da adaptação a estes. Ele é um subcomponente do AR6 (6º Relatório de Avaliação), o principal documento do painel, parte de uma série que se renova a cada sete anos, aproximadamente. Os impactos descritos como problemas ligados à interferência humana no clima no documento, incluem problemas como secas, inundações, fome e doenças.

O relatório avalia o nível de risco em diferentes cenários futuros de emissão, e mesmo no mais otimista deles (elevação da temperatura média global em 1,5°C até o fim do século, meta do Acordo de Paris para o clima), lista uma série de consequências irreversíveis. Apresentado hoje em uma entrevista coletiva, o trabalho saiu acompanhado de um discurso com palavras duras do secretário-geral da ONU, António Guterres.

— O relatório de hoje do IPCC é um atlas do sofrimento humano e um indiciamento por fracasso na liderança climática. — afirmou. — Quase metade da humanidade está vivendo na zona de perigo, agora. Muitos ecossistemas estão num caminho sem volta, agora. A poluição desenfreada por carbono empurra os mais vulneráveis do mundo em uma marcha forçada para a destruição, agora. Os fatos são inegáveis. Essa abdicação de liderança é criminosa.

A maior parte da população sob algum risco de sofrer consequências da crise do clima, segundo o IPCC, tem na água o seu maior ponto de fraqueza. Metade da população global enfrenta crises hídricas em parte do ano, e a mudança climática já tem boa parcela de culpa nisso. Quase um terço das pessoas estão em áreas vulneráveis por viverem em cidades ou habitações costeiras, onde o aumento do nível do mar e são ameaça potencializada por ressacas e tempestades.

Se os oceanos subirem mais 15 cm em média, descreve o relatório, o tamanho da população sob risco cresce 20%. Se subirem 75 cm, o número ameaçados dobra. Nesse cenário mais pessimista, o valor do patrimônio que se encontra sob risco de uma inundação até o fim do século pode chegar a US$ 14 trilhões.

No campo da saúde, os impactos se traduzem em um aumento nas doenças transmitidas por mosquitos ou pela exposição ao calor. O risco de fome se dá pelo impacto do clima na agricultura. O relatório também trata de biodiversidade, e reporta que metade dos seres vivos mapeados por biólogos está se deslocando para áreas mais frias, como montanhas e altas latitudes, em busca de clima melhor.

Foto: divulgação

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