Se tem uma coisa que a pandemia trouxe foi a capacidade de mudança. Home office, demissões, atividades que pararam e, do dia para a noite, a necessidade de reinvenção e novas descobertas. Para aprender uma nova profissão, adquirir habilidades e garantir o sustento em tempo recorde, formações mais rápidas, cursos técnicos, tecnológicos, pós e especializações têm sido caminhos para a reposicionamento e realização profissionais.
Graduada em Direito e sem atuar na área, Ana Kellen Ribeiro, 42 anos, engravidou de gêmeos e optou por cuidar das crianças. No meio do caminho, se apaixonou pela fotografia e investiu na área. A pandemia chegou, os eventos pararam e ela ficou sem fotografar. Engravidou novamente e durante o isolamento iniciou um processo de autoconhecimento, teve acompanhamento de uma coach de carreira, conheceu as terapias integrativas e se lançou em uma pós em Terapia Transpessoal Sistêmica. Na reta final do curso, já começa a atender como terapeuta, mas sem largar a fotografia.
“Encontrei o chamado da minha alma. Agora quero aliar as duas áreas para ajudar outras pessoas e usar a minha experiência com a maternidade nos atendimentos de famílias e crianças”_Ana Kellen Ribeiro, terapeuta e fotógrafa. Outra virada profissional aconteceu na vida de Bruno Oliveira da Silva, 25 anos, que encontrou no curso de Eletrotécnica no SENAI toda a abertura que buscava no mercado de trabalho. Movido pelo fascínio “de controlarmos o que não enxergamos: a eletricidade”, como conta, na hora da escolha da formação também levou em consideração as tendências do mercado de projetos e instalações de sistemas fotovoltaicos em expansão. “Durante o curso, aprendemos a arte de comandar, medir, calcular, projetar essa grandeza a fim de suprir nossas necessidades. Não é incrível?”, ressalta.
Como uma criança que ganhou seu presente preferido, ele que agora atua na manutenção dos trens da CCR Metrô Bahia, frisa: “O trem é um equipamento incrível. Oportunidade ímpar que surgiu e atendi aos pré-requisitos graças ao meu curso SENAI”. A Pesquisa “Escassez de Talentos de 2020” do ManpowerGroup revelou que, em todo o mundo, 54% das empresas ouvidas relataram que os candidatos às vagas não possuem habilidades técnicas ou interpessoais desejadas para serem contratados. Como se qualificar de maneira rápida para conquistar um emprego e ocupar essas vagas oferecidas pelo mercado?
“Com formações que duram até dois anos, possibilitando o desenvolvimento de competências e habilidades, os programas de formação profissional de nível médio, a exemplo de cursos técnicos e de qualificação profissional, são as melhores opções para quem deseja ingressar rapidamente no mercado de trabalho”, afirma Sergio Martins, gerente da Regional Metropolitana do SENAI Bahia, que envolve Lauro de Freitas, Camaçari, centros de Formação Profissional de Candeias e Simões Filho, e outros municípios da região.
“Essas modalidades educacionais permitem que se aprenda uma profissão e, por meio destas, a pessoa possa estar apta a preencher vagas especializadas disponíveis e que apresentam historicamente dificuldades de identificação de candidatos com os requisitos necessários para o exercício das funções profissionais requeridas”, completa. Sérgio, que também é mestrando em Gestão e Tecnologia e possui 15 anos de experiência com gerenciamento de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, serviços técnicos e tecnológicos e educação profissional, ressalta que o mercado atual busca profissionais com competências técnicas e socioemocionais.
“Não basta ter capacitação técnica, mas resolver problemas. As capacidades cognitivas e sua aplicação de forma orientada e processual na solução de problemas passou a ser um requisito básico no dia a dia laboral. Todas essas mudanças no mundo do trabalho exigem novas qualificações e requerem profissionais mais criativos, flexíveis e preparados para atuar com eficiência em situações adversas e mutáveis”_ Sergio Martins, gerente da Regional Metropolitana do SENAI Bahia.
De acordo com o Mapa do Trabalho Industrial, até 2023, o Brasil precisará qualificar 10,5 milhões de trabalhadores. Dentre as diversas áreas do conhecimento, as que mais vão demandar formação profissional são transversais (1,7 milhão), metalmecânica (1,6 milhão), construção (1,3 milhão), logística e transporte (1,2 milhão), alimentos (754 mil), informática (528 mil), eletroeletrônica (405 mil), energia e telecomunicações (359 mil).
Profissionais com qualificação transversal podem trabalhar em qualquer segmento, como profissionais de pesquisa e desenvolvimento, técnicos de controle da produção e desenhistas industriais, que atuam em várias áreas. A área da tecnologia da informação ganha destaque entre as mais promissoras. Segundo relatórios do setor, entre os anos de 2019-2024, serão ao todo 420 mil profissionais demandados nas áreas de tecnologia da informação, atuando nas competências de Big Data, Internet das Coisas (IOT), Segurança Cibernética, Computação em Nuvem.
“Essa demanda impacta de forma direta outros setores econômicos, a exemplo do setor de logística, que também apresenta expressivo crescimento, com o contexto da pandemia e a rápida digitalização de negócios”, avalia Sérgio Martins. As vendas online também cresceram e influenciaram padrões de consumo da sociedade. Nesse contexto, o custo do frete, tempo de entrega das mercadorias tem alto impacto nessa modalidade de venda, isso vem trazendo um aumento na demanda por profissionais especializados em logística para a atuar na operação e inteligência de processos, como distribuição, compras, armazenamento e transporte de produtos.
De olho nas profissões em expansão no momento:
O mercado também precisa de:
Fontes: Páginas O Futuro das Coisas e mentora de carreiras Ana Paula Ramos.