Domingo é dia de reunir a família, colocar a conversa em dia, falar de quem passou, quem já foi e do que virá. O clima dos Domingos Musicais do Olodum é bem por aí: é quando a banda toca pros seus, pra gente que é daqui. Não é que as terças da bênção não sejam especiais, mas no domingo o Olodum é mais roots, percussivo e íntimo. Foi assim mais uma vez neste 20 de fevereiro – o último domingo da temporada de verão do Olodum.
Salvador até decidiu fazer uma gracinha: depois de alguns finais de semana consecutivamente chuvosos, o sol abriu forte no Pelourinho. O público se refrescava como podia: cervejinha aqui, garrafas de uísque com gelo acolá, as crianças com refrigerante, suquinhos de caixa ou água. E todo o mundo balançando no swingue que começou pontualmente às 14h.
Olodunico e pesquisador da história da banda, Júnior Sento Sé explica o porquê dos domingos serem mais especiais para quem é raiz: primeiramente, o formato explica muita coisa. Se as terças contam com toda a banda, instrumentos de corda, sopro e etc, o domingo é exclusivamente percussivo. Só vai tambor, levada de timbal e por aí vai. Isso permite, por exemplo, que várias músicas que nunca foram gravadas sejam cantadas.
“Domingo é no formato histórico, só percussão. Isso possibilita que toque várias músicas que nunca foram gravadas em CD, mas que todo o mundo que iria para a quadra conhece. Hoje o que tocar aí, todo o mundo canta. O ensaio de domingo é como se fosse uma sexta de carnaval”, explicou Júnior.
O ambiente era bem familiar. Uma olhada nos arredores e chamava atenção a quantidade de crianças no ensaio. Uma delas mandava no espaço feito gente grande, mas também pudera, ele é nascido e criado ali. Falamos do pequeno Andrei Bartolomeu, 2, que se desgarrou da mãe Andreia, baiana na tenda do Acarajé da Conceição, instalado no Pelourinho desde 1993. Sozinho, Andrei se balançava, correu para frente do palco e os olhinhos estavam encantados pelos tambores coloridos que via olhando para cima.
Fonte: reprodução/correio