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EMPRESAS COM FOCO EM IMPACTO SOCIAL E AMBIENTAL CRESCEM 120%

Redação - 20/02/2022 07:57

Cada vez mais numerosas e conhecidas, empresas com foco em soluções socioambientais cresceram 120% em 4 anos. O dado é do relatório 2021 da Pipe Social, plataforma que conecta negócios com perfil de impacto de todo o país. O número de empresas saiu de 579 em 2017, para 1.272 no ano passado. Apesar dos desafios, para especialista e empreendedores, o cenário para esse tipo de projeto tem se tornado cada vez mais positivo.

“Essa pauta não vem de agora, mas a pandemia escancarou o modo como uma ação local pode gerar impacto em escala planetária. A forma como os resíduos são descartados ou como aumenta o CO2 aqui, reverbera globalmente”, pontua Andreia Barbosa, analista técnico do Sebrae Salvador. “Os problemas são graves e estão interligados, isso faz com que os consumidores, as empresas e a estrutura de mercado também comece a se alterar para corresponder a essa realidade”.

E com essas mudanças, Andreia explica que certos conceitos vão sendo incorporados e novas siglas acabam surgindo. É o caso de empresas ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança Corporativa), que traz um “conjunto de orientações estratégicas para as empresas. São atribuídas métricas específicas para dimensionar o quanto essas práticas são adotadas. Esse conceito, que estava atrelado às grandes corporações, vai chegando nos pequenos negócios”, diz Andreia.

E há uma nova forma de priorizar e direcionar recursos financeiros para iniciativas com caráter socioambiental. Outro exemplo disso são os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma classificação estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015. Alguns exemplos de ODS são as questões sobre saúde, erradicação da pobreza e também de energia limpa.

E muitos empreendedores e investidores estão observando se os negócios que surgem hoje estão em diálogo com as agendas de melhorias. “O que observamos é que esse empreendedor tem intenção de criar um negócio que antes de gerar um retorno financeiro, tenha intenção de resolver um problema socioambiental. E no momento que acessa apoio técnico, ele tem condições de garantir ao investidor a segurança de retorno financeiro e de impacto”, comenta Andreia.

Em 2021, Luís Monteiro criou junto com o sócio, Breno Barreto, a startup Seu Plantão, um sistema na web com objetivo de dar match entre plantões médicos, com foco nos hospitais públicos: “A sociedade muitas vezes não é atendida, pois o médico falta por algum motivo e não consegue passar o plantão para alguém. Se a unidade tem em média 600 atendimentos por dia e falta um médico, estamos falando de um número exorbitante de pessoas não atendidas”, destaca Luís.

“O Seu Plantão entrou para isso, poder sanar essa dor e dar melhor qualidade de atendimento à população, ao mesmo tempo que, para o lado do médico, dar uma melhor qualidade no trabalho”, fala. O sistema trabalha organizando vagas de plantões que são passadas todos os dias de um médico para outro. Quando o match acontece, o profissional recebe acesso às informações da unidade, como sua estrutura e quem vai estar trabalhando com ele.

E antes de qualquer coisa, Luís acredita que o importante para a criação de empresas e startups é de fato enxergar o social: “Precisa ter um olhar apurado para isso, hoje empresas e startups precisam ser criadas para resolverem problemas de pessoas, para dar bem-estar para elas”, afirma. Mas há ainda um grande caminho para isso. Em relação aos indicadores, Luís conta que passou por quatro treinamentos até chegar à conclusão de qual ODS estava atendendo. “É um mercado em valorização e há uma exigência para aplicar técnicas muito rápido e sem conhecimento. Tem empresas hoje que nem sabem que são empresas de impacto social, falta fazer esse reconhecimento para que o mercado comece a ter o crescimento que a gente espera”.

Outra empresa com grande foco em solucionar problemas socioambientais foi a Start Solidarium. Há oito anos, Luciana Luz trabalha com o filho Lucas com fabricação de objetos para eventos, mas por conta da pandemia a demanda caiu e ela começou a investir em um novo negócio: Uma empresa que recicla isopor para, a partir dele, produzir matéria-prima para objetos de artesanato, mobiliário e para a construção civil.

“Nos conectamos com a necessidade da sustentabilidade. Para não agredir o meio ambiente, precisamos tratar o que já existe. Os materiais não vão sumir e nosso papel é fazer com que eles sejam reutilizados e voltem à cadeia de produção. O isopor mesmo é um material sem tratamento na Bahia, praticamente vai todo para aterros sanitários, o que é um grande problema ambiental”, destaca Luciana.

Para a empresária, a grande virada de chave é a economia circular: “Para que uma indústria fomente a outra e não extrairmos mais da natureza, mantendo a vida saudável e gerando emprego e renda. Um empreendimento não consegue sobreviver sozinho, então é uma grande conexão, queremos receber o isopor em parceria com as indústrias para depois ofertarmos a matéria-prima para sua linha de produção”, conta.

Em agosto do ano passado, Luciana conseguiu patentear o produto e agora está criando as especificações dos materiais para atingir seu objetivo: “Ainda não estamos em comercialização ou na fase de venda, mas temos registro e indo atrás das certificações. Nosso objetivo é a construção civil, transformar a matéria-prima em uma casa, porque a geração de resíduos da construção civil é um gargalo”, explica Luciana.

Foto: Olga Leiria | Ag. A TARDE

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