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ENTENDA COMO A CRISE ENVOLVENDO A UCRÂNIA E A RÚSSIA PODE AFETAR O BRASIL

Redação - 16/02/2022 09:00

Se a Rússia vier a invadir a Ucrânia como vêm alertando os Estados Unidos e seus aliados, haverá consequências indiretas para países que não estão envolvidos no conflito, mas que têm parcerias comerciais com os russos ou os ucranianos, apontam especialistas. O Brasil seria afetado principalmente por causa da economia, e o impacto mais significativo seria maior pressão sobre a inflação. O presidente Jair Bolsonaro (PL) está em viagem à Rússia, mas o Brasil é secundário na disputa, diz Fernanda Magnotta, senior fellow do núcleo EUA do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri). A visita oficial do brasileiro nada tem a ver com a crise internacional.

“No entanto, todos os países se afetam de alguma forma. E, de cara, há efeitos econômicos derivados de um conflito: o abastecimento de gás e uma alta de preço de combustíveis, por exemplo, que afetariam de forma muito significativa países como o nosso, onde o preço de combustíveis já tem sido, nos últimos meses, o responsável por pressão inflacionária”, aponta a especialista.

Em entrevista à GloboNews, José Márcio Camargo, economista chefe da Opus Investimentos, afirma que no ano passado o petróleo já teve um aumento de mais de 40%, e que, além disso, haveria um choque nos preços de alimentos. Os principais produtos que o Brasil importa da Rússia são ligados à agricultura, especialmente fertilizantes. Na tabela abaixo, estão os cinco itens que o país mais comprou dos russos em 2021, em valores. Apenas um, hulha betuminosa (um tipo de carvão mineral), não é usado no solo para preparação para o plantio.

Magnotta afirma que o Brasil é muito dependente da Rússia em relação a esses insumos, e uma operação militar na Europa teria efeito direto em relação ao abastecimento de adubo e fertilizantes. “Já há algum desabastecimento em geral na economia por causa da pandemia, e no contexto de guerra isso seria agravado”, aponta.

O Brasil pleiteou o apoio dos Estados Unidos para se tornar um membro extra-regional da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). No conflito, o governo russo pede o fim da política expansionista da Otan e que a organização se comprometa a não instalar armas de ataque perto de suas fronteiras. Caso houvesse um conflito militar, o país seria cobrado pelas potências em relação ao seu posicionamento —ou seja, seria forçado a assumir um lado.

“Isso implica tomar decisões em relação a quem desagradar: de um lado o o Brasil é parte da aliança ocidental e há a tentativa de se chegar a um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia já há uma longa data, e do outro, a China tem sinalizado uma aproximação com a Rússia”, afirma Magnotta.

Foto: divulgação

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