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TRÊS ESTUDANTES BAIANOS TIRAM NOTA MÁXIMA NA REDAÇÃO NO ENEM

Redação - 11/02/2022 11:23 - Atualizado 11/02/2022

Três estudantes baianos cravaram mil na nota da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), porta de entrada para universidades públicas e privadas e que teve o resultado da última edição divulgado anteontem, pelo Ministério da Educação (MEC). Dos baianos notas mil, dois são de Salvador e uma é de Feira de Santana, a estudante Alice Souza, 18, que prestou o exame pela segunda vez e pretende cursar medicina. Os candidatos ao Enem citaram o escritor português José Saramago, o antropólogo Gilberto Freyre e a Constituição Federal nos seus textos.

Estudiosa, Alice Souza veio de Feira para Salvador para cursar o último ano do Ensino Médio no colégio Villa Global Education. Ela sonha em ingressar no curso de medicina a Universidade Federal da Bahia (Ufba), ou da Unicamp, em São Paulo. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) também é uma opção. A garota nota mil revela que fazia cinco redações por semana e treinou os mais variados temas, também com provas antigas do Enem. “Sempre tentava entender meus erros e pensar como a corretora corrigiria minha prova. Acho que isso que foi o diferencial”, afirma.

O tema da redação foi ‘Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil’. Alice já tinha feito um texto sobre o tema no colégio e usou como repertório a Constituição Federal e Gilberto Freyre, citando o livro ‘Casa Grande e Senzala’. “Preferi focar nas consequências da falta do documento, como a precarização do trabalho, pois não permite que a pessoa tenha CLT. Nesse parágrafo, falei do trabalho análogo à escravidão e como o Brasil herdou muitos aspectos da colônia”, detalha.

Ela ainda mencionou outro efeito, a não geração do título de eleitor. “Citei um filósofo que fala que, na democracia, todas as vozes devem ser ouvidas e, sem o documento, não é possível ouvi-las”. Mesmo com a alta nota na redação e com 760 de média, ela acredita que não conseguirá passar nas faculdades desejadas. “Não fui mal nas outras matérias, se fosse para passar em qualquer outro curso, conseguiria, mas não Medicina”, acredita. Ela agora faz cursinho no Bernoulli.

O soteropolitano Geismar Samis, 24, o segundo baiano nota mil, faz Enem desde 2012 como ‘treineiro’ e não pretende usar a nota para ingressar em  faculdade alguma. Isso porque ele já é formado no Bacharelado Interdisciplinar (BI) de Ciência e Tecnologia da Ufba e está no quinto semestre de engenharia da universidade. “Faço Enem todo ano, ‘na bruxa’, para testar, sem nenhuma preparação. É um jeito de atualizar o conhecimento e manter a prática”, diz.

Ele nunca tinha tirado a nota mil. Quando fez o exame para entrar na Ufba, conseguiu 860. “Foi uma sensação ótima, porque não esperava, por ser mais ligado à engenharia. Aproveitei esse momento da pandemia para trazer questões atuais do tema, que vejo nos jornais”, conta. O tema dele, por ter feito a prova de reaplicação, foi diferente do de Alice: ‘Reconhecimento da contribuição das mulheres nas ciências da saúde no Brasil’.

O terceiro nota mil, Pedro Macedo, não foi localizado pela reportagem para dar entrevista. Como o Ministério da Educação e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que organiza o Enem, não responderam à matéria antes do fechamento, outros baianos também podem ter gabaritado a prova.

Foto: divulgação

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