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SAIBA DETALHES SOBRE O HOTEL DE LUXO QUE FICARÁ NO PALÁCIO RIO BRANCO

Redação - 07/02/2022 06:00 - Atualizado 07/02/2022

Sede do primeiro governo geral do Brasil, e que já hospedou os imperadores Dom Pedro I e Dom Pedro II, o Palácio Rio Branco, no Centro Histórico de Salvador, vai voltar a receber hóspedes em breve. Isso porque o espaço, que fica bem em frente à Praça Municipal, coladinho no Elevador Lacerda, vai virar um hotel de luxo. À frente da nova hospedaria estará a empresa BM Varejo Empreendimentos, sócia do Hotel Rosewood, em São Paulo, de seis estrelas. As obras começam ainda este ano – até, no máximo, outubro. A previsão de duração da reforma (e adaptação) é de 18 meses, ou seja, o novo empreendimento deve ficar pronto no primeiro semestre de 2024.

O prédio, construído em 1549, mesmo ano de fundação de Salvador, tem é história: além de sede do primeiro governo geral, abrigava a sede do governo estadual até 1979, quando houve a transferência para o CAB. Ele já passou por inúmeras reformas e chegou a ser demolido no fim do século XIX. Desde 1919 que se chama Rio Branco, em homenagem ao Barão do Rio Branco, que ajudou nas negociações de fronteira com países vizinhos, delineando o contorno do país. Os novos rumos do Palácio, porém, serão outros. Com o imbróglio judicial vencido e a licitação aprovada pelo governo, a diretoria da BM Varejo contou detalhes sobre o projeto, com exclusividade à reportagem. A estrutura terá 10 mil metros quadrados, com direito a estúdio de música, espaço para eventos e spa, que serão construídos na área anexa ao Palácio.

De acordo com a empresa, essa área contígua foi pensada “para potencializar o uso hoteleiro”, além de ser uma forma de contribuir “com a melhoria do ambiente urbano”. O objetivo, portanto, não é só construir um hotel, mas promover uma transformação cultural na região. No local, continuará sediado o Museu dos Governadores, que será modernizado. Ele estava fechado para reforma. “Nossos projetos promovem a diversidade cultural. Trabalhamos com diversas disciplinas, integrando artistas mundialmente conhecidos com os melhores artistas brasileiros. Promovemos a cultura das periferias e a inclusão, a biodiversidade e a importância da natureza. No Museu, adotaremos a mesma linha de pensamento”, detalha a direção da BM Varejo.

Os princípios da empresa estão alinhados com a sustentabilidade e integração da população local com a cultura e meio ambiente. “Isso é parte de uma agenda sustentável para as cidades do futuro, o que transforma nossos projetos em verdadeiros parques urbanos, onde a cultura e meio ambiente são integrados, criando um impacto positivo para toda a população”, conta a diretoria.  Ainda de acordo com a empresa, é por conta disso que a BM quer construir um hotel no espaço, sede do primeiro governo brasileiro, pois atua no setor imobiliário, cultural, na gastronomia e moda.

“Acreditamos na reciclagem e regeneração do patrimônio histórico integrado aos espaços e à vida contemporânea. A atividade hoteleira ocupa posição singular nesse cenário, potencializa o turismo e fortalece o intercâmbio cultural. Sob essa perspectiva, o que pode ser mais atraente que um hotel na sede do primeiro governo geral do país?”, adiciona.  Além disso, a empresa vai investir na capacitação profissional, mão de obra e indústria. A proposta é construir 79 quartos para hóspedes, com as obras previstas para terminar em um ano e meio. Há ainda a informação de que a BM Varejo visitou a sede do Palácio dos Esportes, que está a leilão, a menos de 300 metros do Palácio Rio Branco.

Especialista em restauração

Em São Paulo, a BM investiu R$ 2,7 bilhões na construção da Cidade Matarazzo, onde fica o Hotel Rosewood. Ele fez parte da primeira parte da primeira entrega do projeto, inaugurado em dezembro de 2021. Cerca de 5 mil empregos diretos e 20 mil indiretos foram gerados. A empresa também restaurou patrimônios históricos da capital paulista, sob o comando do empreendedor Alexandre Allard, do Groupe Allard. Grandes nomes da arquitetura e do design mundiais participaram, como Jean Nouvel, Philippe Starck e Rudy Ricciotti.

Uma das contrapartidas foi o plantio de 10.000 árvores. Segundo a investidora, o espaço servirá como uma plataforma de experiências, assim como um hub de inovação que agrega as instituições envolvidas na valorização do patrimônio natural do Brasil.

Confira um breve histórico do Palácio Rio Branco:

– Em 1549, o Palácio é construído, junto com a fundação da cidade de Salvador, a mando de Tomé de Sousa. Sua primeira versão era em taipa

– 1551: o Palácio foi reedificado em alvenaria de pedra e cal, coberto com telhas

– Em 1558, o governador geral Mem de Sá fez pequenas reformas, para construir uma torre de defesa

– 1624: o governador Diogo de Mendonça Furtado rende-se aos holandeses, na casa de governo, após anos de ataques

– 1663: o prédio é reformado para ter uma fachada de 11 janelas no andar superior

– 1724: A Academia Brasílica dos Esquecidos é fundada no Palácio, pelo vice-rei D. Vasco Fernandes Cesar de Menezes, futuro Conde de Sabugosa. Foi a primeira academia literária do Brasil

– 1763: Palácio passa a abrigar o governador da Capitania da Bahia, com a transferência da capital do Brasil para o Rio de Janeiro

– 1808: Família Real portuguesa, fugindo das tropas de Napoleão Bonaparte, se hospeda no Palácio

– 1824: a partir deste ano, o Palácio começa a abrigar os presidentes de província, nomeados pelo imperador

– 1826: abrigou o imperador D. Pedro I e a imperatriz Leopoldina

– 1859: abrigou o imperador Dom Pedro II e a imperatriz Teresa Cristina

– 1890: o Palácio é demolido e reconstruído

– 1912: Salvador é bombardeada e o Palácio tem que ser reformado. A reconstrução durou oito anos

– 1919: Palácio é reinaugurado com o nome de Palácio Rio Branco, em homenagem ao Barão de Rio Branco, advogado, diplomata, geógrafo, professor, jornalista e historiador brasileiro

– 1979: a sede do Governo da Bahia continuou no Palácio até esta data, quando foi transferida para o CAB

– 1983: Passou a ser sede da Bahiatursa

– 1986: Passou a abrigar o Museu dos Governadores

– 1991: Passou a abrigar a Fundação Pedro Calmon

– 2010: Passou a abrigar a Secretaria de Cultura do Estado (Secult).

(Correio)

Foto: divulgação

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