Segundo dados da Associação dos Registradores Civis das Pessoas Naturais do Estado da Bahia (Arpen-BA) o número de escrituras de compra e venda de imóveis registrados nos cartórios da Bahia, que cresceu 33% em 2021, frente a 2020. Foram 36.277 negociados em 2021 contra 27.038 no ano anterior. A quantidade de novos empreendimentos também aumentou em 2021, em 60%, segundo a Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (ADEMI-BA). Os bairros que se destacam nesse quesito são Horto Florestal, Pituba, Imbuí, Graça e Barra. Além disso, as vendas tiveram alta de 32%, no acumulado dos três primeiros trimestres do ano passado com todo o ano anterior. Ou seja, os nove primeiros meses de 2021 já tiveram mais vendas do que todo o ano de 2020. O balanço do último trimestre ainda está em confecção.
Os juros baixos a ajudaram a tomar a decisão. “O financiamento estava bem maleável, ficava a critério do bolso do cliente. Dei entrada de R$ 7 mil e dividi em 420 parcelas, mas estou em dois empregos para manter os custos”, explica Sheimila. Ao todo, o apartamento custou R$ 310 mil. “Outro fator que me chamou muito atenção foi a energia solar nas áreas comuns, porque já posso economizar no condomínio”, completa.
O grande “boom” do setor foi antecedido por anos de crise, entre 2014 e 2019, segundo o presidente da Ademi-BA, Cláudio Cunha. “O Brasil viveu uma grande crise política e econômica nesses anos e isso fez com que as empresas se retraíssem. Essa demanda reprimida, com a taxa de juros baixas e medidas de incentivo à economia deu início a recuperação do setor”, detalha Cunha.
Além da alta nos lançamentos, ele cita uma diminuição considerável no número de imóveis disponíveis à venda. Em 2014, eram mais de 17 mil. Em 2019, cerca de 8 mil, e, em 2021, apenas 2.800 estão sem ocupação. “Houve uma baixa no lançamento de imóveis para que o mercado absorvesse os que já existiam”, conta. No último trimestre de 2019, a recuperação também já estava em curso. Só naquele trimestre, houve mais lançamentos do que todo o ano de 2018.
Em 2022, o ano será de desafios. “Tivemos um problema com o crescimento da inflação e aumento dos custos de materiais de construção. O aço, por exemplo, aumentou 45%, os elevadores, 30%, tubos de PVC, 39%. Isso impactou na construção civil e teremos eleição, então, se houver baixa na inflação e na taxa de juros, que é a tendência, a partir do final de 2022 e início de 2023, voltaremos a crescer”, prevê Claudio Cunha.
Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-BA), Alexandre Landim, o aquecimento do setor se deu ainda pela valorização dos imóveis na pandemia. “As pessoas ficaram mais contidas em suas casas, por conta do isolamento, e o imóvel se tornou o principal elemento de conforto”, argumenta. As novas residências se adaptam aos novos hábitos. “Antes, os imóveis focavam muito no lazer, como a varanda gourmet. Agora, isso também é importante, mas eles precisam ter um espaço para o home office, que é a nova modalidade de trabalho. As portarias têm que ter um local para receber encomendas e comida, por conta dos deliverys. E, por questões sanitárias, o lavabo é muito procurado, porque as pessoas não querem mais dividir banheiro”, pontua Landim. (Correio)
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