Cerca de 3 milhões de famílias deixaram de ter acesso ao financiamento imobiliário desde janeiro do ano passado por conta do maior custo do crédito para compra do imóvel próprio. Em janeiro de 2021, os juros estavam em 2% ao ano. Na quarta-feira (2), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a taxa para 10,75% ao ano — o oitavo aumento seguido do juro básico e acima de 10% pela primeira vez em quatro anos e meio.
Os cálculos foram realizados por Alberto Ajzental, coordenador do curso de Desenvolvimento de Negócios Imobiliários da FGV (Fundação Getulio Vargas). De acordo com Ajzental, a cada variação de 2,5% da Selic, há o aumento de um ponto percentual no Custo Efetivo Total (CET) envolvido na contratação de um financiamento. E a cada um ponto de aumento do CET, 1 milhão de famílias, aproximadamente, perde a condição financeira de comprar um imóvel.
O professor acrescenta que os dados não consideram a inflação e o desemprego, que provocam uma corrosão ainda maior no poder de compra da população e também pesam negativamente para a demanda no setor. “Com os juros em dois dígitos, o mercado ficará menor, terá menos demanda. O imóvel vai se tornar um produto menos acessível, se comparado com o início de 2021”, explicou o professor da FGV.
Além do encarecimento do crédito imobiliário, Ajzental lembrou que o aumento do Índice Nacional de Custo de Construção (INCC), que acelerou 0,64% em janeiro, também elevou o preço da construção dos imóveis — prejudicando ainda mais o setor como um todo.
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