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JOSÉ MACIEL – A BAHIA NO RANKING AGRÍCOLA MUNICIPAL BRASILEIRO

Redação - 31/01/2022 09:01 - Atualizado 31/01/2022
O IBGE divulgou recentemente a relação dos 100 maiores municípios agrícolas brasileiros, segundo o valor bruto da produção agrícola, calculado utilizando dados de 2020. Todo ano o Instituto divulga uma listagem desse tipo. Nos anos anteriores, normalmente a lista englobava os 50 maiores municípios, e nesse universo é  possível constatar a presença habitual de 6 municípios baianos,  todos localizados no Oeste. São eles , por ordem decrescente de importância: São Desiderio, Formosa do Rio Preto, Barreiras, Luis Eduardo Magalhães,  Correntina e Riachão das Neves.
É importante ressaltar que São Desiderio tem ocupado a liderança em alguns anos (2015 e 2018, por exemplo) e em outros tem alternado a colocação com dois municípios do Mato Grosso: Sorriso e Sapezal. Nesses anos, o município baiano tem ostentado, ora a segunda, ora a terceira posição em nível nacional.
Na listagem recentemente anunciada, referente aos 100 maiores municípios, os 6 maiores da Bahia figuram de forma destacada, como de hábito, e mais 3 municípios  da Bahia passam a integrar o seleto grupo, a saber: Jaborandi, Juazeiro e Mucugê. Na décima posição do ranking baiano aparece Ibicoara, vizinha de Mucugê, que figurava na décima quarta posição no ano anterior, mostrando um dinamismo indiscutível.
Essa listagem dos destaques do nosso Estado no plano nacional não oferece surpresas, porque eles já constavam de listas de anos anteriores, e estão localizados em zonas de grande dinamismo econômico e continuam em trajetória de crescimento.
Nada obstante, parece oportuno sublinhar a situação importante e peculiar de Mucugê. A obtenção dessa lisonjeira posição no ranking agrícola municipal do Brasil pode ser considerada quase uma “façanha”, já que estamos tratando de  um município com uma área agricultada bem inferior às observadas em municípios do Oeste baiano. Além da vocação para o turismo no âmbito da Chapada Diamantina, Mucugê sedia importantes  projetos na produção de culturas de grande valor comercial, como  batata inglesa, conquistando recentemente a segunda posição municipal no país (a Bahia já ocupa a quarta posição entre os estados brasileiros, graças à produção de Mucugê e Ibicoara), uvas viníferas , cafés especiais, e, mais recentemente, tem começado a se destacar na produção das chamadas frutas vermelhas, a exemplo de morangos, amoras, mirtilos e pitaya, por conta de  suas peculiaridades de clima de altitude, propiciando boas   condições para essas lavouras de clima temperado ou subtropical. A tudo isso se soma a  adoção de elevados padrões tecnológicos e gerenciais na condução de tais empreendimentos.
Esse desempenho e consequente bom posicionamento de Mucugê no ranking agrícola municipal do país se deve em boa medida à vinda e estabelecimento na Chapada Diamantina de pessoas com espírito pioneiro e empreendedor , a exemplo do gaúcho Ivo Borré, infelizmente falecido no ano passado. Chegando à Chapada Diamantina em 1984, Ivo Borré fundou  a Fazenda Progresso em Mucugê, fazenda essa referência na produção de importantes marcas do agronegócio nacional, como a produção de uvas para vinhos, batata inglesa e produção de cafés especiais de grande aceitação nos mercados nacional e  internacional. Nesse sentido, a Bahia tem sido um destino frequente de agricultores egressos do Sul do país, especialmente do Rio Grande do Sul, a exemplo de Ivo Borré,  os quais têm contribuído de modo importante para desenvolver e projetar algumas regiões agrícolas baianas nos planos nacional e internacional. Não se pode deixar de reconhecer, já concluindo, que a chamada “diáspora” do povo gaúcho beneficiou em grau relevante o Oeste baiano, a Chapada Diamantina e outras áreas agrícolas do nosso Estado.

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