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ADARY OLIVEIRA – NÃO FIQUE PARADO, MEXA-SE

Redação - 31/01/2022 09:06

No meio de tanta notícia ruim, com uma pandemia que insiste em não nos deixar, por mais seguidores que somos dos conselhos médicos de usar máscara, tomar vacina, ficar de quarentena, receber notícias pouco agradáveis com os ensaios ameaçadores de umano de eleição conflituosa, anúncios da volta da inflação e do aumento das taxas de juros, eis que surgem notícias de que nem tudo está perdido.Há esperanças rondando o espaço. Não poderia haver novidade melhor do que a divulgada pelo IBGE da volta do crescimento da oferta de empregos. Houve diminuição de 1,5 milhão de pessoas entre aquelas desempregadas. A medição feita no trimestre encerrado em novembro mostra uma redução da taxa de inatividade de 11,6%. Muito pouco para atender às nossas preces, mas um bom começo.

Se por um lado, é fechada uma fábrica de automóveis, por outro lado, volta a funcionar com todo o vigor duas fábricas de fertilizantes nitrogenados. Se a manufatura de carros paralisa totalmente alguns sistemistas que não puderam se valer de sua característica multipropósito para continuar operando, e se alguns misturadores de nutrientes não conseguem funcionar com insumos importados, outros arranjam jeito de sobreviver.Trabalhamas oportunidades de mercado com volta da amônia e ureia nacionais e o robusto agronegócio subindo com o impulso crescente da demanda mundial por alimentos,reforçados pelos bons preços e câmbio favorável.

Lá no sertão se fala assim: o dinheiro daqui é um só, se tem alguém ganhando é porque tem alguém perdendo. Tudo que faz uns rirem, faz outros chorarem. Se você é um dos que atravessa momentos de dificuldade, procure posicionar-se melhor, espere a onda ruim passar. Os tempos bons poderão estar voltando e é melhor estar vivo e acordado para surfar nas ondas suaves dos mares calmos. O que não pode acontecer é assistir produtores de bens e serviços mexerem-se no sentido de aumentar os preços, quando ainda há margens e gorduras sobrando, e outros querendo aumentar os impostos, como se não fosse possível reduzir excessos, cortar desperdícios e minguar as ociosidades.

Algumas coisas estão mudando para melhor no ambiente econômico de nosso estado, mostrando que muitacoisase pode aprimorar. No campo da produção de petróleo, por exemplo, se procura usar o gás carbônico poluente lançado ao ar pelas chaminés, para injeção nos poços dos campos maduros. A refinaria de Mataripe que precisa importar petróleo para aumentar sua produção, está trazendo óleo negro em navios maiores, reduzindo o frete e majorando a produção. O Sudeste, que antes só nos mandava produtos manufaturados de maior valor adicionado, passou a destinar para o Nordeste o gás natural do Pré-sal, limpo de gás carbônico e por preço um pouco mais em conta, podendo melhorar. As fábricas de acrilonitrila, metacrilato de metila e sulfato de amônio, que dias atrás usava a amônia importada, passaram a consumir amônia nacional, fabricada com esse gás e nitrogênio atmosférico. Muda-se a maneira de se fazer as coisas e empregam-se mais pessoas daqui.

Sou do tempo que se dizia que todo brasileiro é técnico em futebol e professor de inflação. Continuamos entendendo das estratégias e táticas do campo, mas estamos nos esquecendo das aulas de inflação, felizmente. Se olharmos para nosso ambiente de trabalho vamos poder observar quanto jeito se deu para a continuidade dos serviços. Surgiu o Uber para ajudar os que ficavam em casa parados eos entregadores por aplicativos estão emtoda parte.A garotada está indo bem com suas startups e os técnicos em telefonia, imagem e som, cada dia nos surpreendem com habilidades mais que criativas. Fico a imaginar como as pessoas de outros campos de trabalho, diferentes do meu, se divertem com essas observações.

Há muito deixaram de transitar pelas cidades os baleiros com seus uniformes azuis, são poucos os amoladores de tesoura circulando, e foram eliminadas várias profissões: motorneiros e cobradores de bondes, catadores de papel, telefonistas, mata-ratos, leiteiro, linotipista, mensageiro, operador de mimeografo, ator de rádio e outros tantos. Em compensação surgiram os técnicos em cibersegurança, os especialistas em dados, os criadores de software, os engenheiros mecatrônicos, os cientistas da inovação e os que colaboram nas áreas de logística e infraestrutura. Se a coisa ainda ruim de um lado, mexa-se tem coisa boa acontecendo do outro. Se não melhorar para você, ande em outra direção, pois, como diz a marchinha de carnaval, quem fica parado é poste.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]

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