No primeiro dia do decreto estadual que exige a comprovação da vacinação em bares e restaurantes, a maioria dos estabelecimentos visitados pela reportagem do Jornal Correio em Salvador ainda não está exigindo o comprovante. Dos dez locais, nos bairros do Rio Vermelho e da Barra, apenas três cumpriam a exigência. “Nós já estivemos em dois locais, um restaurante e um bar aqui na Barra, e nenhum deles exigiu. Nesse aqui, aconteceu a mesma coisa, ninguém pediu nada. Eu estou com meu cartão de vacina aqui”, conta a turista Ana Dias, que estava em um dos bares que não cumpria o decreto, acompanhada por mais dois amigos, Cristiane Ribeiro e Vítor Bruno.
Antônio Farias, gerente de outro bar e restaurante da Barra, que também não estava fazendo a exigência, explica que não começou a pedir o cartão de vacinação por falta de estrutura no local, que dificulta o controle de quem entra no bar, além de alegar que poderia perder alguns clientes, caso fizesse a exigência a todos. “Assim, aberto, não dá. Se a prefeitura permitisse que a gente fechasse em torno das mesas, para poder colocar alguém recepcionando na porta, facilitaria, mas sem isso fica difícil, não consigo controlar quem chega e senta nas mesas. Se o garçom vai lá, depois que a pessoa chega, é capaz até de eu perder o cliente por causa disso, então não tem como exigir o comprovante de todo mundo assim”, explicou Antônio.
No Bar Bohemia, no Rio Vermelho, o comprovante de vacinação também não está sendo exigido. Segundo o gerente Alfio Nicosia, o problema está na falta de clareza do decreto que estabelece a ordem. Para ele, não há nenhuma informação de que os bares ao ar livre também tenham que cumprir a medida. “Pra mim, o decreto não é claro. Eu ainda não entendi se é uma medida para os bares e restaurantes abertos, ou só para os estabelecimentos fechados. Estou entrando em contato com a prefeitura para saber, já mandei e-mail. Concordo com a medida, mas o decreto fala de tudo isso e não fala as circunstâncias do bar”, justificou Alfio.
De acordo com o decreto, a fiscalização do cumprimento das medidas ficará a cargo de cada município. A prefeitura de Salvador informou que a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) segue com a fiscalização, mas ainda sem uma ação específica voltada ao decreto estadual publicado nessa terça-feira. A pasta aguarda a atualização do protocolo municipal.
Entre os bares que estão cumprindo o decreto, está o Devassa, no Rio Vermelho. Para fiscalizar se os clientes estão com o cartão de vacina, a dona do estabelecimento, Lais Rodriguez, fica na porta, recepcionando quem chega. “Eu mesma confiro e deixei essa entradinha aqui justamente para isso. Até agora eu não tive problemas, e acho que tem que ser assim mesmo se as pessoas não quiserem que tudo volte a fechar como antes”, diz.
Luís Adrian e João Marcos são enfermeiros, estavam no bar e contam que são clientes fiéis do local. Mesmo assim, já chegaram preparados com o aplicativo do Conecte SUS no celular. “Assim que chegamos ela perguntou se estávamos com o comprovante, mostramos o cartão com as três doses e entramos tranquilamente”, conta Luís Adrian.
O Boteco dos Mares também estava com uma funcionária na porta, recepcionando as pessoas para saber se estava com o comprovante em mãos. Segundo o gerente de atendimento, Sérgio Souza Machado, o dia seguiu tranquilo, apesar da resistência de um dos clientes. “Um turista chegou e disse que não tinha o cartão e que não achava necessário ter, já que ele estava vacinado. Além de não querer apresentar o cartão, foi grosseiro, mas a maioria tem aceitado tranquilamente.”
Outro bar e restaurante que estava cumprindo o decreto estadual foi o Bagacinho Boteco. Quem chegava ao local já era informado da necessidade de mostrar o comprovante, o que não foi nenhum problema para Juliana Costa, Danilo Vilas Boas e Vanessa Duarte. “Eu já estou andando com o cartão há algum tempo e também vi na rede social do bar que aqui estava exigindo, o que é ótimo, porque significa mais proteção para todo mundo. Ter o cartão não é nenhum sacrifício”, comentou Danilo. * Com supervisão da subchefe de reportagem Monique Lôbo(Correio)
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