Levantamento da Bare International, fornecedora independente de pesquisa de experiência do cliente, dados e análises para empresas, mostra que 76% dos entrevistados estão consumindo proteínas de menor valor. A pesquisa ouviu 1.053 pessoas durante o mês de novembro.
Veja outros destaques da pesquisa:
Carnes nobres como picanha e filé mignon já não aparecem no prato da maioria dos entrevistados (75% e 73%, respectivamente), enquanto 67% alegaram que não compram mais outros cortes de carne de boi. O frango passou a ser a fonte mais consumida pelos respondentes (57%), seguido do ovo (19%), peixes, com exceção do salmão (15%), cortes menos nobres de boi (14%) e porco (6%). Já o consumo de filé mignon representa, atualmente, apenas 1% entre todas as proteínas, e a picanha e o salmão sequer alcançaram este percentual.
Para a gerente geral da Bare no Brasil, Tânia Alves, as famílias estão severamente impactadas pela perda do poder de compra. “As pessoas não apenas estão optando por produtos mais baratos, mas já começam a retomar antigos hábitos como o de estocar itens em promoção”, avalia. Pelo estudo, mais da metade dos entrevistados (51%) passou a adotar essa prática. A pesquisa aponta ainda que 89% dos entrevistados deixaram de consumir produtos e serviços por causa da alta dos preços. Os segmentos mais afetados foram viagens e vestuário, apontados por 69%. Quanto ao entretenimento, 68% da população cortou gastos com cinema, shows e teatro.
Outro destaque é o número de pessoas que trocaram de residência para economizar. Entre os 30% que afirmaram morar de aluguel, 40% precisaram ou pretendem se mudar devido aos reajustes de valores. Para tentar complementar a renda, muitos se viram obrigados a buscar alternativa na dupla jornada. “Os bicos têm sido a salvação inclusive para a parcela que está empregada – 60% começaram a pegar trabalhos extras, o que pode ser reflexo da falta de reajustes ou de aumentos que não acompanharam a inflação”, afirma Tânia. Segundo a Bare International, a escalada no custo de vida foi sentida globalmente, mas no Brasil a disparada de preços foi mais intensa do que no restante do mundo em decorrência da desvalorização do real frente ao dólar, incertezas fiscais e crise institucional no enfrentamento da pandemia.
Responderam ao questionário brasileiros de 19 a 74 anos, sendo 40% da amostra composta por pessoas de 31 a 40 anos; 76% estão empregadas, sendo que 54% não tiveram reajuste salarial; e 24% tiveram incremento de até 5%, 13% entre 5-10% e para apenas 7% delas o reajuste foi maior do que 10%.
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