O presidente Bolsonaro parece não entender o eleitor do Nordeste. Suas visitas à região mostram isso de forma clara. No fim de semana, por exemplo, quanto as chuvas no sul da Bahia deixaram cinco mortos, 3.700 desabrigados afetando a vida de quase 70 mil pessoas, ele veio à região, sorridente e fazendo brincadeiras como se nada tivesse acontecido. Para completar, manchou sua vinda com um ataque de sua segurança aos profissionais da imprensa.
E, para piorar, suas declarações foram disparatadas, como se ele não estivesse a par do que estava acontecendo e, assim, aproveitou para comparar a tragédia com os efeitos econômicos causados pelas medidas restritivas imposta pelos governadores para enfrentar a Covid 19. Declaração sem pé nem cabeça.
O Ministro da Cidadania, João Roma, deveria ao menos ter informado da gravidade da situação e fazer Bolsonaro não só anunciar recursos para a região, mas também mostrar sua preocupação com os atingidos pelas enchentes. O governo federal liberou R$ 5,8 milhões a seis cidades atingidas e aguarda o plano de trabalho de outras 24 para repassar o recurso emergencial, mas quem detalhou essa importante ação foi o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, pois Bolsonaro só parece preocupado com a eleição.
Naturalmente, o governador da Bahia, Rui Costa, criticou a forma como se deu a visita, sem qualquer contato como o governo do Estado e, comentando a aglomeração que se verificou na sua chegada, disse que o presidente “não veio prestar solidariedade” aos baianos, mas sim fazer carreata. Rui disse ainda que Bolsonaro mobilizou seus fanáticos para ficarem gritando, fazendo ato político e agredindo repórteres, caracterizando que não era hora de fazer política, mas de cuidar da população. Ora, política todos os candidatos estão fazendo, mas na hora da tragédia é preciso esquecer o que parece ser o objetivo principal dos políticos e dedicar-se a ajudar a população.
O presidente parece ter em mente que a liberação do Auxílio Brasil, que vai beneficiar basicamente os estados da região, será suficiente para elevar sua popularidade, mas não é assim, quem conhece os nordestinos sabe o quanto para eles vale a percepção de que quem está no poder tem consciência dos seus problemas e está ali para ajudá-los. Foi assim que o ex-presidente Lula conquistou a região mais pobre do país, ainda que o Bolsa Família tenha ajudado. Bolsonaro e seus marqueteiros parecem alheios a isso e à pobreza do Nordeste. (EP- 12/12/2021)
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