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IPCA: INFLAÇÃO DESACELERA EM NOVEMBRO, MAS CHEGA A 10,74% EM 12 MESES

Redação - 10/12/2021 11:40

Puxado mais uma vez pela alta da gasolina, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, ficou em 0,95% em novembro, após ter registrado taxa de 1,25% em outubro, segundo os dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de ter desacelerado na comparação com a inflação de outubro, foi a maior variação para um mês de novembro desde 2015 (1,01%).

Com o resultado, o IPCA acumula alta de 9,26% no ano e de 10,74% nos últimos 12 meses, acima do registrado nos 12 meses imediatamente anteriores (10,67%). Trata-se do maior índice para um intervalo de 1 ano desde novembro de 2003, quando a taxa foi de 11,02%. A inflação acumulada em 1 ano permanece também mais do que o dobro do teto da meta fixada pelo governo para 2021 (5,25%). O resultado veio um pouco abaixo do que o esperado. A mediana de 37 projeções de consultorias e instituições financeiras compiladas pelo Valor Data apontava para uma taxa de 1,1% em novembro. No acumulado em 12 meses, a mediana das estimativas indicava alta de 10,9%.

Gasolina foi mais uma vez a vilã

Sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em novembro. A maior variação (3,35%) e o maior impacto (0,72 ponto percentual) vieram dos custos do grupo Transportes. O grande destaque mais uma vez foi a alta da gasolina (7,38%), que contribuiu com o maior impacto individual no IPCA do mês (0,46 p.p.), respondendo por praticamente metade da taxa de inflação do mês.

Houve altas expressivas também nos preços do etanol (10,53%), do óleo diesel (7,48%) e do gás veicular (4,30%). Com o resultado de novembro, a gasolina acumula, em 12 meses, alta de 50,78%, o etanol de 69,40% e o diesel, 49,56%. Os preços dos automóveis novos (2,36%) e usados (2,38%) também pesaram na inflação do mês. Já as passagens aéreas recuaram 6,12% em novembro, após as altas de 28,19% em setembro e 33,86% em outubro.

Em habitação, os custos foram novamente pressionados pela energia elétrica (1,24%) e pela alta de 2,12% no gás de botijão, que já subiu 38,88% nos últimos 12 meses.

Veja o resultado para cada um dos grupos pesquisados:

  • Alimentação e bebidas: -0,04%
  • Habitação: 1,03%
  • Artigos de residência: 1,03%
  • Vestuário: 0,95%
  • Transportes: 3,35%
  • Saúde e cuidados pessoais: -0,57%
  • Despesas pessoais: 0,57%
  • Educação: 0,02%
  • Comunicação: 0,09%
  • Inflação afeta 63% dos itens pesquisados

A inflação foi também menos disseminada em novembro do que em outubro. O índice de difusão passou de 67% para 63%. O indicador reflete o espalhamento da alta de preços entre os 377 produtos e serviços pesquisados pelo IBGE. A inflação de serviços também desacelerou de 1,04% em outubro para 0,27% em novembro. À exceção da região metropolitana de Belém (-0,03%), todas as áreas pesquisadas pelo IBGE registraram inflação em novembro. O menor índice foi o da região metropolitana de Belém (0,11%). Já a maior variação foi na região metropolitana de Salvador (1,31%).

Entre os destaques positivos, o grupo Alimentação e bebidas registrou deflação (-0,04%). Segundo o IBGE, o resultado deve-se ao custo da alimentação fora do domicílio (-0,25%), cujo resultado foi influenciado pelo subitem lanche (-3,37%). A refeição (1,10%), por sua vez, acelerou em relação ao mês anterior (0,74%). As quedas mais relevantes foram nos preços do leite longa vida (-4,83%), do arroz (-3,58%) e das carnes (-1,38% no mês, mas acumulando ainda avanço de 10,81% no ano).

Por outro lado, houve aumentos nos preços da cebola (16,34%), café moído (6,87%), açúcar refinado (3,23%), frango em pedaços (2,24%) e queijo (1,39%). Também houve deflação no grupo saúde e cuidados pessoais (-0,57%), influenciada pela queda nos preços dos itens de higiene pessoal (-3%), sobretudo, dos perfumes (-10,66%) e artigos de maquiagem (-3,94%).

“A Black Friday ajuda a explicar a queda tanto no lanche quanto nos itens de higiene pessoal. Nós observamos várias promoções de lanches, principalmente nas redes de fast food no período. E no caso dos itens de higiene pessoal, várias marcas nacionais deram descontos nos preços dos produtos em novembro”, explicou o gerente do IPCA, Pedro Kislanov. “Esse efeito Black Friday tem acontecido com mais frequência desde 2018. A data tem crescido muito no Brasil e os descontos passaram a ser dados ao longo do mês e não apenas na Black Friday”, acrescentou.

Na avaliação do economista-chefe da Necton, André Pefeiro, o resultado mostra que o IPCA ‘começa a parar de piorar’. “Estamos entrando na fase ‘menos pior’ dos dados econômicos onde o valor em si é ainda ruim, mas já aponta fadiga. Isso não quer dizer que irá melhorar a economia no curto prazo, mas só de vir melhor na margem já irá abrir espaço para correção dos juros e de bolsa”, avaliou.

Foto: divulgação

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