O Banco Central (BC) decidiu elevar a taxa básica de juros, a Selic, de 7,75% para 9,25% nesta quarta-feira. Com isso, o atual ciclo de alta se torna o maior desde 2002, antes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumir o cargo.
De olho na inflação de 2022, que já ameaça fugir da meta, o Banco Central tem sido mais duro na alta dos juros. Do menor patamar da história de 2% em janeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) foi aumentando o ritmo de alta em cinco reuniões seguidas, até chegar no ajuste de 1,5 ponto percentual (p.p) em outubro e repeti-lo nesta quarta-feira, totalizando sete altas consecutivas.
A constante alta da inflação registrada durante todo o ano tem vários fatores, como os choques de preços de combustíveis e alimentos, que afetam toda a cadeia. Há também a incerteza fiscal, que causou confusão no mercado e fez as projeções de PIB, juros e inflação se deteriorarem tanto para 2021 e 2022.
O movimento do BC, que deve continuar no próximo ano, tem efeitos além da inflação. Com juros mais altos, a atividade também se retrai e as expectativas já não são boas. O mercado espera crescimento de 0,51% no PIB em 2022 e inflação em 5,02%, acima do teto da meta de 3,5%, que tem intervalo de tolerância de 1,5 p.p para cima ou para baixo.
Além disso, o país já está em recessão técnica, configurada por dois trimestres de resultado negativo no PIB. Com a autonomia, o BC ganhou como metas secundárias a suavização das flutuações do nível de atividade e o fomento ao pleno emprego.
No comunicado, o Copom vê que a atividade econômica brasileira mostra “evolução moderamente abaixo da esperada”. No cenário externo, o ambiente é “menos favorável” com alguns bancos centrais das principais economias do mundo sinalizando cautela frente à inflação mundial.