O quadro eleitoral na Bahia começa a se delinear. Na semana passada, ACM Neto lançou sua candidatura com uma festa bem preparada, com presença de prefeitos e políticos daqui e de fora do Estado. O ex-prefeito mostrou força e ficou bem claro que sua intenção é desfederalizar a campanha, focando as críticas no desempenho do PT baiano nestes 16 anos de governo, não de forma generalizada, pois há realizações importantes no período, mas mirando a educação, segurança pública e economia, setores que os estrategistas de Neto consideram os mais fracos nos governos do PT. E um detalhe importante: Neto fará de tudo para não polarizar com Lula e aceitará de bom grado que se dissemine a ideia do voto não casado: Lula lá, Neto aqui. Isso, na verdade, não será fácil, pois Lula vai entrar de cabeça na campanha da Bahia e chamar o ex-prefeito para o ringue.
No lado do PT é cada vez mais certo que Rui Costa vai sair candidato ao Senado, não só porque Lula quer uma bancada forte de senadores, que nunca teve nos seus 8 anos de presidência, como também porque assim a boa avaliação do governador vai alavancar a chapa do PT. Aqui só existe um grande e único problema: como será feito o acordo com o vice-governador João Leão de modo a que ele assuma o governo por alguns meses, com a descompatibilização de Rui, mas não seja picado pela mosca azul e resolva, sentado na cadeira de governador, concorrer à reeleição. Ao que tudo indica, o acordo é plenamente possível, já que Leão coroaria sua carreira política alcançando o mais alto posto em seu estado e negociaria outras posições no futuro como a Presidência da Assembleia ou mesmo cargos no governo estadual e federal.
Já o candidato do Presidente, o Ministro da Cidadania, João Roma, é candidatíssimo e aposta tudo na polarização entre Lula e Bolsonaro e a única hipótese de ter alguma chance eleitoral seria polarizando a eleição aqui entre ele e Jaques Wagner. Aos que acreditam que pode haver uma articulação entre Roma e ACM Neto, cabe dizer que em política nada é impossível, mas as declarações de Roma são muito contundentes e. em entrevista à Tribuna da Bahia, questionado sobre essa possibilidade, ele respondeu com outra pergunta: “Ele aceita Bolsonaro no palanque?”. Não, dificilmente Neto deixará Bolsonaro subir no seu palanque, pois isso lhe tiraria votos na Bahia, embora tudo leve a crer que a estratégia do prefeito é ter o palanque aberto, (veja aqui), o que abriria possibilidades de negociação em todo o arco político.
O fato é que, embora a política se mova mais que as nuvens, tudo indica que haverá três polos na disputa fortes na disputa pelo governo da Bahia: ACM Neto, Jaques Wagner e João Roma. (EP-06/12/2021)