A clínica veterinária e hotel para animais de estimação Jack’s Pet Resort, em Lauro de Freitas, recebeu atenção na tarde desta segunda-feira (29) por parte de quem seguia a coelha Nicinha, de quatro anos, nas redes sociais. A lionhead, dona de 9 mil seguidores no Instagram (@quemvaiecoelho) e tutorada pela jornalista Thais Borges, estava em perfeito estado de saúde antes de morrer no empreendimento.
Por isso, foi grande a surpresa de Thais ao se deparar com uma ligação da sócia do estabelecimento dizendo que tinha uma notícia “muito ruim” para dar. De viagem de férias em uma zona rural, a dona ouviu que seu animalzinho “havia ido a óbito”, sem muitas explicações. “Saudável, muito bem cuidada, como todos que me conhecem sabem. Era acompanhada com consultas anuais pelo veterinário Rodrigo Arapiraca. Extremamente tranquila, de fácil manejo”, conta Thais.
Após momentos iniciais de confusão e desespero, em uma segunda ligação, a sócia da empresa admitiu que o animal havia sido encontrado fora do cercado, lambida e com falhas no pelo, por volta das 5h40 da manhã. As primeiras tentativas de contato com Thais, entretanto, só tiveram início a partir das 11h. “Minha coelha morreu em um lugar onde ela devia estar sendo bem cuidada. Não pedi para que fizessem exercício com ela, para que tirassem ela do cercado. Era só garantir que estivesse segura e que tivesse alimento e água. Poucas vezes na minha vida senti tanta raiva, tristeza e revolta ao mesmo tempo”, publicou nas redes sociais.
Não era a primeira vez que a coelhinha ficaria em um hotel para pets, ou sob os cuidados da mesma creche. Antes, ela havia ficado em uma hospedagem familiar na casa de uma das sócias, em Jauá, em um local onde os cachorros não tinham acesso. “Quando deixei Nicinha lá, a recepcionista me disse que ela seria mandada para Jauá novamente”, explica a tutora. Não foi o caso. Thais só soube que Nicinha estava em Lauro de Freitas com a notícia da sua morte. “Eles me garantiram que ela estaria em segurança. Disseram que poderiam aceitá-la. Paguei R$ 337,50 por esses dias. Praticamente a mesma coisa cobrada por cachorros (R$ 427,50 por cada um), que precisam de um manejo muito mais intenso”, detalha.
Agora, Thais está esperando por notícias enquanto a necropsia não foi feita. O corpo de Nicinha está sendo encaminhado para o Hospital Veterinário da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Enquanto isso, Thais já acionou o advogado e pretende entrar com medidas administrativas e judiciais contra o Jack’s Pet Resort. O Correio entrou em contato com o Jack’s Pet Resort através do número de telefone disponibilizado publicamente pela empresa e por meio dos contatos pessoais das sócias, no entanto, não houve retorno até o momento da publicação desta matéria.
A mesma administração já enfrentou outros problemas, ao ter cuidado do local onde morreu o cãozinho Maylon, parte do projeto social “Vamos alimentar um Pet”. Até 2019, a empresa era uma hospedaria familiar “Menina dos Pets”, com sede em Jauá. Em 2020, foi renomeada para Smart Pet Resort e com um novo endereço em Lauro de Freitas: rua Itagibá, 313. No quadro societário de ambos, há a mesma sócia-administradora, Jéssica Gaspar Carvalho Guedes. Sob os cuidados do Smart Pet Resort, Maylon morreu, sob o pretexto de que teria se envolvido em uma briga com outro cahorro. Um novo nome foi criado para a mesma administração e endereço, agora o Jack’s Pet Resort.
Após publicação de nota sobre o caso de Maylon, em abril, o Smart Pet encerrou as atividades na página do Instagram em maio. Em junho, o Jack’s Pet Resort começou as publicações. De acordo com publicação da página do “Vamos alimentar um Pet”, os funcionários confessaram ter “puxado Maylon forte com uma coleira enforcadora”. O laudo da necropsia teria apontado que o cachorro morreu por insuficiência respiratória causada por traumatismo no tórax e agravado por edema na traquéia, sem indicações de mordidas de outro cachorro.
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