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LIBERAÇÃO DE PETRÓLEO PELOS EUA TERIA EFEITO PEQUENO NO BRASIL

Redação - 24/11/2021 10:00

Os Estados Unidos anunciaram que vão liberar cerca de 50 milhões de barris de petróleo de suas reservas estratégicas, em um movimento para aliviar o preço internacional da commodity. A ação será acompanhada por outros países, incluindo Índia, China e Japão. O anúncio ocorre em meio a um ciclo de alta do petróleo iniciado no fim de 2020, mas que se intensificou em 2021. O petróleo tipo Brent, referência para a Petrobras, segue girando em torno da casa dos US$ 80.

Para especialistas consultados pelo CNN Brasil Business, a ação pode ter um impacto de curto prazo no preço do petróleo, mas qualquer variação significativa dependerá da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, a Opep+. Nesse sentido, quedas, mesmo que pequenas, no preço da commodity permitiriam que a Petrobras reduzisse o preço nas refinarias. Entretanto, isso duraria pouco, e qualquer queda seria neutralizada caso o dólar, moeda em que o petróleo é cotado, continue a subir no Brasil.

Para Virginia Parente, professora do Instituto de Energia e Ambiente da USP (IEE-USP), é preciso primeiro saber mais detalhes sobre o ritmo e o período de liberação das reservas americanas para projetar o efeito sobre os preços. Até o momento, o governo Biden afirmou apenas que a quantidade seria liberada “nos próximos meses”, por meio de um empréstimo e também via vendas para empresas. Parente afirma que os Estados Unidos possuem uma reserva significativa de petróleo, mas que ainda são os principais consumidores da commodity no mundo. Os países que vão liberar parte das suas reservas também são grandes compradores, em geral mais dependentes do petróleo pela pobreza de outras fontes de energia.

A professora diz que a medida faz parte de um esforço desses países para aumentar a oferta do petróleo de algum modo e reduzir os preços, já que os grandes produtores globais, reunidos na Opep+, se recusam a retomar o nível de produção pré-pandemia. “A Opep+ ganha em quantidade com a demanda alta e também pelo preço, a receita é preço vezes quantidade, então eles estão empurrando as duas frentes para embolsar ganhos”, afirma. Os países produtores de petróleo estão, segundo a professora da FGV Energia Fernanda Delgado, surfando na tendência de alta para recuperar as perdas de 2020. Se hoje o petróleo ronda os US$ 80, ele passou a maior parte do ano passado cotado a US$ 40, distante da média histórica entre US$ 60 e US$ 70.

Delgado afirma que o preço alto não é vantajoso para a organização pensando no médio prazo, já que isso incentiva países e indústrias a procurarem outras fontes de energia. Parente cita, como alternativas, desde fontes renováveis até o gás natural e a possibilidade de aumentar temporariamente o consumo de carvão. “Eles sabem que a demanda no curto prazo é inelástica [variará pouco], é difícil os agentes se organizarem para consumirem mesmo, mas no médio prazo há a tendência de migração para outras fontes”, diz.

Foto: divulgação

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