O Indicador de Inflação por Faixa de Renda apontou aceleração da taxa de inflação para todas as faixas de renda no mês de outubro. O estudo foi divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), nesta sexta-feira (12/11), e revelou que a inflação foi mais acentuada para as famílias de renda muito baixa (1,35%), comparativamente à apurada no grupo de renda mais elevada (1,20%).
A inflação acumulada nos 12 meses também mostra que, embora haja uma aceleração da inflação para todas as faixas de renda, os três segmentos de menor renda são os que registram as maiores altas inflacionárias, com taxas superiores a 11%. Para as famílias que recebem menos do que R﹩ 1.808,79, a inflação acumulada nesse período chega a 11,4%, enquanto a alta verificada para as famílias que recebem mais do que R﹩17.764,49 é de 9,3%.
O grupo habitação foi o que mais contribuiu para a alta inflacionária das famílias dos três segmentos de renda mais baixa no mês. Para essas famílias de renda muito baixa, além dos reajustes de 1,2% das tarifas de energia elétrica, de 3,7% do gás de botijão e de 0,9% do aluguel, as altas de 1,1% dos reparos no domicílio e de 0,95% dos artigos de limpeza explicam a pressão exercida pelo grupo habitação.
O segundo segmento que mais influenciou a inflação das famílias de menor renda foi o de alimentos e bebidas, provocada pelo aumento dos alimentos no domicílio, especialmente da batata (16%), do açúcar (6,4%), do café (4,6%) e das aves e ovos (3,2%), mesmo em um contexto de queda nos preços do arroz (-1,4%), do feijão (-1,9%) e dar carnes (-0,04%).
Já para as três faixas de renda mais alta, assim como ocorreu em setembro, o maior impacto partiu do grupo de transportes. A alta inflacionária desse segmento foi influenciada pelos reajustes de 3,1% da gasolina, de 33,9% das passagens aéreas e de 19,9% dos transportes por aplicativo. Além das altas dos grupos alimentação e habitação, o grupo despesas pessoais, influenciado pelo aumento dos serviços ligados à recreação, começa a impactar mais fortemente a inflação para as famílias destas faixas de renda.
Quando comparada a outubro do ano passado, a inflação para esse período de 2021 ficou acima da registrada no mesmo mês de 2020, para todas as classes de renda pesquisadas. Para as famílias de renda mais baixa, apesar da alta mais acentuada dos alimentos no ano passado, essa piora da inflação corrente decorre por conta dos aumentos menos intensos em 2020 de itens como energia elétrica (0,03%), gás de botijão (1,3%), aluguéis (0,19%) e produtos farmacêuticos (-0,38%) quando comparados aos observado em 2021.
Já para as famílias de maior renda, a maior inflação em 2021 reflete os aumentos menos intensos, ocorridos em 2020, de itens de maior peso da cesta de consumo destas famílias, como gasolina (0,85%), transporte por aplicativo (0,05%), alimentação fora do domicílio (0,36%) e pacote turístico (1,4%), além da deflação observada no conjunto de cursos diversos (-0,22%).
Os dados acumulados nos últimos 12 meses revelam que, embora a pressão inflacionária tenha acelerado para todas as faixas de renda, a inflação acumulada nas famílias de renda muito baixa (11,4%) é 2,1 pontos percentuais maior que a registrada na classe de renda mais alta (9,3%).
Para as famílias de renda muito baixa, além dos aumentos nos preços dos alimentos no domicílio, houve altas nos preços da batata (23,6%), do açúcar (47,8%) e das proteínas animais como carnes (19,8%), aves e ovos (28,9%) e leite e derivados (8,8%). Os reajustes de 30,3% da energia e de 37,9% do gás de botijão explicam ainda grande parte da alta inflacionária nos últimos 12 meses. Já para as famílias com maiores rendimentos, a inflação acumulada no período é impactada, sobretudo, pelas variações de 45,2% dos combustíveis, de 50,1% das passagens aéreas, de 36,6% dos transportes por aplicativo e de 11,6% dos aparelhos eletroeletrônicos.
Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil