A quantidade de mulheres donas de negócios na Bahia representa 31% em comparação com os homens. Uma pesquisa divulgada pelo Sebrae fez um balanço de 2020. O estado representa ainda 6% do total de empreendedoras do país, ao lado do Rio Grande do Sul e Paraná, e atrás do Rio de Janeiro (8%), Minas Gerais (9%) e São Paulo (23%). Na terça-feira (9), algumas dessas mulheres se reuniram para compartilhar experiências e discutir a atuação feminina no mercado empresarial.
O evento foi organizado pela Associação dos Lojistas do Shopping da Bahia (Alscib) e aconteceu no centro comercial. Foram escolhidas 16 mulheres para participar dos painéis. O tema do encontro foi ‘Experiências de negócios e como podemos fortalecer o mercado para 2022’, e foram discutidos assuntos como: o que é ser empresária, os desafios da contemporaneidade e os aprendizados e perspectivas para o próximo ano.
Entre as convidadas, nomes conhecidos do meio empresarial, como a diretora do Correio, Renata de Magalhães Correia. Ela contou que o pós-pandemia vai exigir duas habilidades das empresas. A primeira, é saber lidar com as questões emocionais provocadas pelo vírus, e a segunda, é aumentar o investimento em tecnologia. “Existe o desafio emocional, porque todo mundo saiu muito abalado pela perda de emprego e de renda ou de entes queridos, e acredito que a mulher possa fazer o diferencial na hora da retomada por saber como lidar com essas questões emocionais com mais sensibilidade. Esse é um grande desafio. Outro ponto é que a tecnologia veio para ficar. Todas as áreas, de prestação de serviço ou de consumo, foram impactadas pela inclusão tecnológica, o que vai trazer transformações nos negócios de forma geral”, afirmou.
Ela foi otimista enquanto ao futuro. “Muita gente empreendeu durante a pandemia em negócios on-line, em setores de serviço em domicílio, e a gente viu que isso trouxe um novo mercado. Então, acredito que o pós-pandemia virá com oportunidades, mesmo com a economia brasileira andando a passos lentos. Teremos um 2022 muito melhor, retomando aos poucos o potencial que a nossa cidade e que o nosso estado tem para crescer”, disse.
Uma plateia feminina formada por mulheres chefes de empresa assistiu ao evento que aconteceu dentro de uma sala de cinema, no terceiro piso do shopping. Daniela Lacerda é CEO da rede de supermercado Corujão24h e foi uma das 16 convidadas. Ela afirmou que a pandemia evidenciou os papéis do e-commerce e do delivery e contou que ser mulher empresária ainda é um desafio no Brasil.
“Nossa empresa está investindo muito nesse novo perfil [e-commerce e delivery] porque o mercado acabou se acostumando e isso é algo que vai se perpetuar. No Brasil, a perspectiva de empreender é sempre do homem porque é um perfil de coragem e de audácia. Meu setor ainda é de maioria masculina, mas me sinto orgulhosa e feliz, apesar das dificuldades e do preconceito que ainda existe, e muito disposta a enfrentar qualquer coisa para fazer o que eu amo”, afirmou.
A pandemia dificultou ainda mais o cenário. O estudo do Sebrae aponta que de 2019 para 2020 o país perdeu 1,3 milhão de mulheres à frente de um negócio, passando de 34,5% para 33,6%. No ano passado, havia cerca de 25,6 milhões de donos de empresas no Brasil. Desse universo, cerca de 8,6 milhões eram mulheres (33,6%) e 17 milhões, homens (66,4%). A mediação do evento ficou por conta da diretora de Comunicação e Relações Públicas da Associação e sócia-proprietária do Restaurante Paris 6, Kaline Rabelo, que destacou a importância da representatividade.
“A ideia desse evento surgiu de um bate-papo e da necessidade de reunir mulheres incríveis que estão no mercado e que inspiram muitas outras. Estamos vivendo uma ascensão e são tantos setores diferentes que muitas vezes a gente não conhece umas as outras. O número de empresas lideradas por mulheres ainda é muito pequeno, então esperamos que essas mulheres sirvam de inspiração para muitas outras”, disse. O objetivo do encontro dessa terça-feira foi conectar empresárias, mulheres de negócios, executivas e profissionais de destaque, promovendo redes de relacionamentos, conexões e business. A expectativa foi estimular o networking, a realização de projetos entre mulheres e a ampliação de suas participações no mercado. Após o evento, houve um almoço no restaurante Paris 6 para as 16 convidadas.
Foto: Marina Silva/CORREIO