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EFEITO COVID: PANDEMIA GEROU PREJUÍZO DE R$ 1,3 BILHÃO NO MOVIMENTO DE RODOVIAS

Redação - 23/10/2021 07:45 - Atualizado 23/10/2021

A pandemia da covid-19 representou um impacto negativo passageiro para a Concessionária Litoral Norte (CLN), porta de entrada para alguns dos principais balneários da Bahia. Mas, se a busca por um tempo à beira-mar reverteu a crise em um momento de crescimento para a companhia, a realidade das outras empresas do setor foi bem diferente.

Períodos de distanciamento, ensino à distância e trabalho remoto trouxeram dificuldades aos caixas das empresas, que só após o avanço da vacinação começam a perceber sinais de recuperação. Para o setor rodoviário no país, a pandemia chegou a representar uma queda de 18,4% na movimentação de veículos nos momentos de maiores restrições, de acordo com a Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR).

Em abril do ano passado, o Índice ABCR, que mede a movimentação nas rodovias concedidas à iniciativa privada, atingiu o seu menor patamar histórico, com uma queda de 43,8%. Apenas entre os meses de março e junho, o setor acumulou um prejuízo de R$ 1,3 bilhão, correspondente a uma queda de 21,4% nas receitas. Entretanto, a projeção da ABCR em relação ao impacto econômico proporcionado pelo momento é ainda maior. Segundo a entidade, por mais que as concessionárias tenham se adaptado para continuar operando durante as restrições, atividades comerciais e serviços que atuam no entorno das concessões chegaram a ser temporariamente suspensos. “Perdas financeiras nunca imaginadas foram registradas”, lembra Marco Aurélio Barcelos, presidente da ABCR.

No setor ferroviário, mais voltado para o transporte de cargas do que à movimentação de pessoas, os danos foram menores, entretanto, ainda assim, a pandemia interrompeu uma longa sequência de crescimentos anuais, aponta a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF). O volume transportado em 2020 foi de 489 milhões de toneladas úteis (TU), queda de 1% na comparação com o ano anterior.

De acordo com a VLI, responsável pela operação da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), a vocação da estrada de ferro para a movimentação de cargas gerais permitiu mais flexibilidade na hora de lidar com as oscilações. “Com isso, a circulação de cargas na Bahia registrou um crescimento no fluxo de cerca de 20% entre 2019 e 2020. Um exemplo desse trabalho é a parceria com a Codeba para fomento de cargas para ferrovia e portos administrados pela Companhia de Docas da Bahia”, apontou a empresa em nota.

Reações diferentes

Embora tenha impactado diretamente em custos relacionados aos transportes, a pandemia não causou “diretamente” prejuízos capazes de inviabilizar contratos, acredita o secretário de Infraestrutura da Bahia, Marcus Cavalcante. Segundo ele, os acordos preveem os chamados “desequilíbrios extraordinários”.  “Normalmente, os próprios contratos trazem com muita clareza os critérios para revisões, mecanismos de conciliação e previsão de arbitragem, quanto necessário”.

Cavalcante lembra que os aumentos nos custos das empresas no Brasil foi maior graças à desvalorização do real diante do dólar. Insumos importantes para as estradas, como os ligantes betuminosos usados para fazer asfalto, chegaram a registrar alta de até 60% no período.

As concessões rodoviárias estaduais onde há cobranças de pedágios vivenciaram situações diversas durante a pandemia. No caso da Bahia Norte, o ano de 2020 foi de prejuízo, enquanto a Concessionária Litoral Norte conseguiu reverter o cenário de dificuldades e encerrou o último ano com resultado positivo, destaca Cavalcante. Segundo o secretário, eventuais quedas na movimentação de passageiros são consideradas “riscos inerentes ao negócio” e não seriam fatores suficientes para justificar revisões contratuais.

O secretário explica ainda que situações em que há variações temporárias em custos ou de receitas costumam ser equalizadas no decorrer dos contratos. “São contratos de 20, às vezes 30 anos, então muitas oscilações são compensadas no médio prazo, no decorrer do prazo da concessão”, aponta. Ele lembra que o mundo vive um processo de aceleração nos investimentos em infraestrutura, principalmente em países do hemisfério Norte, o que também pressiona os custos relacionados a obras e  operações. “Conversei recentemente com um representante de uma empresa e ele me contou que tem tido dificuldade para encontrar pneus para caminhões”.

Empresas enfrentaram cenários bem distintos

Embora tenha optado por não responder os questionamentos da reportagem, o balanço operacional de 2020 da Concessionária Bahia Norte indica que o período da pandemia causou prejuízos financeiros para a empresa. Com o resultado negativo de R$ 22,9 milhões em 2020, a Bahia Norte chegou a um prejuízo acumulado de R$ 33 milhões no decorrer sua operação.

A empresa responsável por administrar trechos das rodovias BA-093, BA-512, BA-521, BA-524, BA-526 e da BA-535 atribui em seu balanço de 2020 o resultado negativo às “restrições de mobilidade e distanciamento social em decorrência da pandemia”. Segundo a Bahia Norte, o cenário representou uma queda de 5,9% nas receitas, em comparação com 2019.

A realidade no Litoral Norte foi diferente. Em maio de 2020, a CLN registrou uma redução acumulada de 14% no fluxo de veículos da rodovia. No entanto, a partir de julho do mesmo ano, o fluxo voltou ao patamar de 20,6 mil veículos/dia, e desde então, vem  crescendo gradativamente, destacou a empresa.

José Bartolomeu, CEO da Via Bahia, conta que a empresa realizou adaptações operacionais com os colaboradores diretos e indiretos num esforço para garantir a segurança sanitária das operações. Em termos de tráfego, a crise decorrente da pandemia levou a uma redução de 7,2% de veículos pagantes no tráfego, em relação a 2019. “Isso equivale a cerca de 2,7 milhões de veículos a menos”, calcula.

Foto: divulgação

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