A eleição para o governo da Bahia em 2022 está esquentando e, enquanto o horizonte não desanuvia para o Ministro da Cidadania, João Roma, a disputa está polarizada entre o ex-governador Jaques Wagner e o ex-prefeito ACM Neto. O futuro de Roma e também do vice-governador João Leão depende de um fato concreto: Bolsonaro vai ou não para o PP.
Se se filiar ao PP, que na Bahia é controlada por João Leão, Roma está fora da disputa pelo governo do Estado e o vice-governador vai de ter fazer das tripas coração para se posicionar no processo eleitoral, com a certeza de que vai ser quase impossível apoiar Wagner na Bahia, com o seu partido fechado com Bolsonaro.
Mas isso depende do futuro, no presente o que temos é a polarização Wagner versus ACM Neto e aqui pode-se dizer sem meias palavras: Neto saiu na frente e montou uma estrutura de ataque definida, enquanto o ex-governador está na defensiva, acreditando, provavelmente, que a força de Lula será tal que vai impulsioná-lo independente do discurso dos seus adversários. Essa crença parece ingênua num processo político que, tudo indica, será violento e, se quer manter-se competitivo, Wagner já deveria estar preparando o discurso de campanha.
O ex-prefeito já armou seu arsenal. Tem consciência de que o governador Rui Costa é bem avaliado, que suas ações, especialmente na área de saúde e infraestrutura, são bem vistas pela população, então está centrando fogo nas áreas mais frágeis do governo, a exemplo da segurança pública e da educação. O ex-governador Jaques Wagner, pelo contrário, ainda não entrou em campo, permanece rebatendo as declarações de Neto, adotando uma postura defensiva e, às vezes, dá a impressão de pouco entusiasmo para o embate.
Naturalmente, o ex-prefeito ACM Neto é o desafiante e tem de partir para o ataque para fortalecer uma posição já bastante confortável nas pesquisas. Já o ex-governador Jaques Wagner deve estar acreditando totalmente na força da candidatura de Lula à Presidência e na capacidade de alavancá-lo e na aliança eleitoral que formou nos últimos 16 anos, ou então já estaria em campo partindo para o ataque.
Mas é forçoso dizer que esse é o quadro momentâneo e muita água ainda vai rolar nesse rio eleitoral. (EP – 18/10/2021)