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ANÁLISE: ARTHUR LIRA QUER SER O CANDIDATO DE BOLSONARO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

Redação - 11/10/2021 08:30 - Atualizado 11/10/2021

O presidente Jair Bolsonaro disse mais uma vez neste domingo que não sabe se irá concorrer às eleições do ano que vem. Essa hipótese passa pela cabeça do presidente , embora condicionada ao seu desempenho nas pesquisas eleitorais, à sua popularidade e à sua rejeição ao longo dos próximos meses. Mas passa também pela cabeça do poderoso  presidente da Câmara de Deputados, Arthur Lira, que deseja chegar à Presidência da República seja através do seu partido, o PP, ou diretamente, através de um plano bem urdido, que o colocaria como alternativa ideal para ser candidato.

No presidencialismo de coalizão sempre que um presidente da Câmara de Deputados torna-se poderoso ele almeja a Presidência da República, e Lira torna-se cada vez mais poderoso.  O Presidente da Câmara fez de Bolsonaro uma espécie de refém, não só porque depende dele a aprovação de qualquer medida proposta pelo Palácio do Planalto, como também por estar em suas mãos a possibilidade de levar adiante o processo de impeachment. E foi com esse poder que Bolsonaro foi contido e já não fala mais em golpe, não critica mais o Supremo e já aceita o voto impresso.

Lira domou Bolsonaro e agora, além de já ter ao seu dispor e ao dispor dos deputados do Centrão o orçamento secreto, quer dar agora um golpe de misericórdia cujo objetivo será capturar  definitivamente a Presidência da República.

O plano de Lira é levar Bolsonaro para o PP para assim conquistar a Presidência da República. O plano A é fazer desse Bolsonaro desidratado o candidato do PP, colocando o Centrão no ringue para a disputa mortal que se dará em outubro contra o ex-presidente Lula. Se mantiver o controle sob Bolsonaro, mantendo-o refém, Lira poderá aprovar no Congresso medidas que possam manter a hegemonia do seu grupo, conquistar o governo de Alagoas e até atrair apoios no Nordeste para assim recompor a popularidade do presidente, reduzindo sua rejeição

Esse é o plano A e seria muito bom para o Centrão ter no poder um presidente domesticado, pronto a atender as demandas fisiológicas dos deputados. Pela primeira vez o Centrão não só controlaria o poder, mas seria o próprio poder. Essa alternativa traz, no entanto, um perigo real e latente: o de Bolsonaro, eleito pela segunda vez, se achar poderoso o suficiente, para tentar escapar do Centrão e voltar com seu discurso golpista. É uma possibilidade, mas nada que um impeachment não possa enfrentar.

Mas existe um plano B, o plano dos sonhos de Lira. Este plano tem como base a hipótese de que a rejeição à Bolsonaro aumente mais e que sua popularidade continue decrescendo e aí, o PP, que vai decidir quem será o seu candidato à presidência da República poderia não dar a legenda a Bolsonaro, convencendo-o a não participar das eleições e a apoiar um candidato do partido. Este é o plano B de Lira: ser candidato à Presidência da República com o apoio de Bolsonaro. Bolsonaro que já não esconde o medo de que seus filhos terminem presos e que já reconhece a dificuldade de uma reeleição teria a proteção do poder e uma saída honrosa. Naturalmente, o Plano A de Lira é levar o PP à presidência da República, mas o sonho do Presidente da Câmara é ser ele mesmo o Presidente com o apoio de Jair Bolsonaro. Há diga que isso é pura especulação e que “livre pensar é só pensar”, mas em Brasília, no breu das tocas, há quem aposte que Lira tem planos para Bolsonaro. (Coluna Política: Bahia Econômica – Editoria de Política- 11/10/2021)

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