Poucos projetos de mobilidade urbana são tão aguardados pela população baiana quanto a Ponte Salvador-Itaparica, considerada ‘um sonho’. Quem depende do sistema ferry-boat ou das lanchinhas no Terminal Náutico para fazer a travessia conta os dias para o começo da obra. “Aguardo há quarenta e quatro anos. Desde o dia em que nasci”, comentou a auditora e professora de Direito Administrativo Morgana Bellazzi. Nesta quinta-feira (07), o sonho finalmente dá sinais de se tornar realidade: o governador Rui Costa (PT) deu autonomia ao Consórcio Sistema Rodoviário Ponte Salvador Ilha de Itaparica S/A, responsável pela obra, para realizar a desapropriação das áreas onde ficarão as cabeceiras da ponte, em Salvador e em Vera Cruz. De acordo com o chefe da Secretaria de Planejamento João Leão (PP), as obras estão previstas para começar na segunda quinzena de novembro.
A autorização, oficializada em edição do Diário Oficial da Bahia, altera decreto originalmente publicado em 2016, que diz respeito à situação dos terrenos a serem desocupados. No texto da resolução, o gestor estadual dá sinal verde para que as intervenções administrativas e judiciais sejam feitas a fins de posse, inclusive em caráter de urgência. Também caberá ao consórcio à frente do projeto providenciar indenizações para os atuais proprietários dos lotes. A pasta informou que, além de possibilitar a construção das cabeceiras, a desapropriação também será para a realização de obras de ampliação e reestruturação do sistema viário. Marcus Cavalcanti, representante da Seinfra, e o secretário da Casa Civil em exercício, Carlos Palma de Mello, também assinam o decreto. O ‘sonho baiano’ custará R$ 5,3 bilhões, sendo R$ 1,8 bilhão saindo dos cofres públicos e os R$ 3,5 bilhões restantes do consórcio, que será responsável pelas operações da ponte por meio de Parceria Público-Privado (PPP) durante trinta anos.
Em Salvador, as desapropriações devem acontecer na região de Água de Meninos, na Cidade Baixa. O prefeito Bruno Reis (DEM) diz ainda esperar pela solicitação de licença para a ponte. “Que eu tenha conhecimento, não foi dada ainda entrada em nenhum pedido em relação à ponte Salvador-Itaparica”, declarou. Ainda assim, o democrata disse que daria toda agilidade ao pedido, para que a execução aconteça. A ponte tem estimativa de conclusão em quatro anos, gerando cerca de oito mil empregos. Serão duas pistas, com faixas e acostamento, além de uma ponte suspensa com 860 m de comprimento; aproximadamente 28 mil carros devem fazer a travessia de 13 km. Quando ficar pronta, o Governo do Estado estima que quase 10 milhões de pessoas devem ser beneficiadas pelo projeto, metade delas residente na Região Metropolitana da capital. Enquanto isso, a expectativa de ver a ponte acontecer é grande. “Estamos ansiosos por essa grande obra, que será um divisor de águas. Vai abrir novos caminhos de desenvolvimento socioeconômico para toda a Bahia”, disse Bruno Barreto. (TB)
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