Armandinho não se esquece do dia em que Caetano Veloso se apresentou no Festival da Record de 1967, cantando Alegria, Alegria. “Eu vi a energia sonora que fazia a minha cabeça. Se abriu ali uma porta, com várias tendências da MPB”, lembra o guitarrista.
O percussionista Marco Lobo lembra-se da emoção que sentiu ao ouvir a canção Palco pela primeira vez na Concha Acústica, que era, segundo Marco, também, a primeira vez que Gilberto Gil, seu compositor, a apresentava ao público, no comecinho dos anos 1980. “Era só ele, voz e violão. Um tempo depois, ouvi no Teatro Castro Alves, com a banda completa”, lembra.
Aquela mesma música tornou-se praticamente uma oração para o pianista Yacoce Simões: “Palco diz muito para todos nós, músicos, porque Gil conseguiu de forma brilhante traduzir e sintetizar o nosso sentimento quando estamos no palco. A gente sempre tem no palco um altar e Gil conseguiu fazer dessa canção uma referência para nós”.
Com lembranças tão afetuosas sobre a obra de Gil e Caetano, sobram motivos – e desejo – para esses três fãs prestarem uma homenagem à dupla de ídolos conterrâneos deles. Por isso, Armandinho, Yacoce e Marco se juntaram para gravar o álbum Retocando Gil e Caetano (Biscoito Fino), em homenagem antecipada aos 80 anos dos dois compositores, que serão celebrados no ano que vem.
O registro, já disponível nas plataformas de streaming, tem versões instrumentais de 11 músicas compostas por um dos dois tropicalistas, incluindo desde a já citada Palco até Tropicália (Caetano) e Eu Vim Da Bahia (Gil). Sábado, no canal da Biscoito Fino no YouTube, estreia a versão em vídeo do álbum, que os músicos gravaram na Sala do Coro do TCA.
Foto: Felipe Oliveira – Divulgação