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SINTOMAS PÓS-COVID INCLUI LESÃO NO FÍGADO

Redação - 04/10/2021 12:59 - Atualizado 04/10/2021

Inicialmente caracterizada como uma doença respiratória, a Covid-19 tem sido vista cada vez mais de forma sistêmica, tanto pelos impactos a outros órgãos registrados no curso da doença quanto pelas inúmeras manifestações incluídas na chamada síndrome pós-Covid. No campo hepático, uma das patologias mais graves que tem sido associada à infecção pelo vírus Sars-Cov-2 é a colangiopatia.

Doutora em medicina, professora da Faculdade de Medicina da Ufba e médica do Serviço de Gastrohepatologia do Hupes/Ufba, Maria Isabel Schinoni explica que a colangiopatia é caracterizada pela inflamação dos ductos biliares. Esses ductos são responsáveis por transportar a bílis, líquido que transporta os produtos resultantes da depuração do fígado, para ser excretado no duodeno
“Quando esses ductos estão inflamados e não conseguem fazer a depuração da bílis, a bílis se acumula dentro dos hepatócitos (células do fígado) e, como não pode ir pela via biliar, ela vai para o sangue”, detalha a médica.

Como consequência da entrada dos sais biliares na corrente sanguínea, há um aumento da bilirrubina, resultando em um quadro de icterícia, caracterizado principalmente pela cor amarelada da pele e olhos do paciente. A professora acrescenta que a presença desses produtos de depuração no sangue também pode gerar coceira.

Segundo a especialista, vários estudos, principalmente realizados no continente europeu, têm demonstrado uma relação entre a Covid-19 e a colangiopatia, e alguns apontam que o vírus Sars-Cov-2 pode atingir diretamente esses ductos biliares. No entanto, ainda não há clareza sobre o tempo de duração dessa inflamação, que muitas vezes regride com tratamento medicamentoso ou após a retirada de alguns medicamentos.

No entanto, a doutora em medicina destaca que também é necessário observar que o paciente com Covid-19 muito grave, que esteve em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), pode sofrer um processo de isquemia no fígado, ou seja, uma falta de irrigação sanguínea. Essa isquemia seria consequência do estresse fisiológico pelo qual o fígado passa em quadros graves de Covid e outras doenças.
“Independente de ter Covid, aquelas pessoas que estiveram com quadros muito graves na UTI, que, por exemplo, tiveram parada cardíaca ou insuficiência respiratória importante, um quadro agudo no qual o fígado sofreu pela falta de irrigação, também pode levar à colangiopatia”, reforça. Mas tem sido notado um aumento da sua incidência após o início da pandemia de Covid-19.

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