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PAULO GUEDES E O PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL TÊM CONTAS EM PARAÍSOS FISCAIS E SE BENEFICIARAM DE PROPOSTAS QUE ENVIARAM AO CONGRESSO

Redação - 03/10/2021 17:06 - Atualizado 03/10/2021

Os principais responsáveis pela política econômica do Brasil, Paulo Guedes e Roberto Campos Neto, respectivamente ministro da Economia e presidente do Banco Central, possuem contas em bancos de paraísos fiscais e adotaram medidas para beneficiar quem está nessa situação.

Guedes enviou ao Congresso um projeto da reforma fiscal que, em sua versão atual (o texto saiu da Câmara para o Senado), que beneficia quem mantém dinheiro em paraísos fiscais. E Campos Neto assinou uma resolução que dispensa os contribuintes de declararem ao Banco Central os seus ativos no exterior em valores inferiores a um milhão de dólares. Isso deixou fora do radar quase 40.000 pessoas das estatísticas do banco. A medida passa a ocultar da sociedade um dado que antes era público.

Guedes é acionista da empresa Dreadnoughts International Group, registrada nas Ilhas Virgens Britânicas. Trata-se de uma shelf company, como são conhecidas no jargão financeiro: empresas fundadas em paraísos fiscais, mas que podem permanecer anos sem atividade à espera de que alguém lhes dê uma função. Os documentos mostram que o ministro possuía em 2014 pelo menos oito milhões de dólares (43,3 milhões de reais, pelo câmbio atual) investidos na companhia, registrada em seu nome e nos de sua esposa, Maria Cristina Bolívar Drumond Guedes, e filha, Paula Drumond Guedes. Esse número subiu para 9,5 milhões no ano seguinte, segundo os documentos obtidos pela investigação,

O presidente do Banco Central, por sua vez, é dono de quatro empresas. Duas delas, Cor Assets e ROCN Limited, são registradas no Panamá em sociedade com sua esposa, a advogada Adriana Buccolo de Oliveira Campos. O objetivo declarado das empresas é investir nos ativos financeiros do Santander Private Bank, cujo conselho executivo Campos Neto integrou no passado. As outras offshores são Peacock Asset Ltda, gerida pelo banco Goldman Sachs, e que foi descoberta na investigação do Bahamas Leaks, de 2016. A quarta empresa é a Darling Group, que segundo informou o Banco Central, é uma empresa de “gestão de bens imóveis”.

No Brasil, é permitido que os sócios e altos executivos de bancos e instituições financeiras recebam bônus e dividendos em paraísos fiscais, lugares que gozam de privilégios – como impostos reduzidos ou inclusive isenção – e nenhuma transparência.  Mas há quem veja conflito de interesse entre a função desses executivos e sua atuação no mercado financeiro.

As informações aparecem no Pandora Papers, órgão do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos do qual o jornal El País da Espanha é associado. As informações são do El País.

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