Ao passo que analistas do mercado imobiliário comemoram o bom momento vivido pelo setor, com a divulgação de números recordes de vendas e lançamentos, do ponto de vista do comprador de imóvel preocupa a escalada dos juros com o ciclo de alta da Selic, e o impacto disso no custo com financiamento. Não bastasse a inflação nas alturas, a previsão é que a taxa chegue ao final do ano na casa de 9%.
Esta semana, Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) divulgou que, no segundo trimestre de 2021, foram lançadas em todo o país 34.815 novas unidades em todo o país, o que representa alta de 84,8% sobre o mesmo período do ano anterior. Nos primeiros seis meses do ano, o número de lançamentos totalizou 61.199 imóveis, um aumento de 61,7% em relação ao mesmo intervalo de 2020.
Ao mesmo tempo foram comercializadas 39.615 unidades no segundo trimestre de 2021, avanço de 30,1% em relação ao volume transacionado no mesmo período do ano passado. E, no balanço dos seis primeiros meses, por sua vez, as vendas chegaram a 74.438 imóveis, 25,9% mais que a primeira metade de 2020. De acordo com o presidente da entidade, Luiz França, os resultados obtidos são importantes, pois, “representam o melhor desempenho da série histórica (do indicador) iniciada em 2014”.
Dados da Abrainc apontam que os empreendimentos enquadrados no programa de habitação popular do governo ainda respondem pela maior parte dos imóveis lançados (75,7%) e comercializados (82,7%) nos últimos 12 meses, encerrados em junho. Em termos de unidades lançadas, o segmento registrou alta em todos os recortes considerados: 18,7% no 2º trimestre, 24,1% no 1º semestre, e de 21,1% nos últimos 12 meses. Já com respeito às vendas, as incorporadoras reportaram aumento de 22,8% no 2º trimestre, 24,3% no 1º semestre, e 34,7% ao longo dos últimos 12 meses.
Médio e alto padrão
Comparativamente, o desempenho do segmento residencial de médio e alto padrão registrou crescimento expressivo de 978,5% em lançamentos no 2° trimestre de 2021 em relação ao mesmo período de 2020. “O crescimento do segmento médio e alto padrão, aliada à manutenção dos números positivos do Casa Verde e Amarela, foram fundamentais nessa escalada do setor. A incorporação imobiliária vem demonstrando bom desempenho contínuo, o que destaca a atratividade cada vez maior tanto por parte compradores como de investidores, em relação às aplicações financeiras tradicionais, assim como as boas condições de crédito imobiliário, com taxas de financiamento baixas e crescimento recorde nos financiamentos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo”, diz.
Para o presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi), Claudio Cunha, o semestre tem tudo para ser o melhor em anos, “pelo menos até o presente momento”, frisa. Segundo Cunha, um dos principais motivos é a oferta de crédito e juros ainda em patamares bons. Os financiamentos imobiliários com recursos da poupança do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), atingiram R$ 21,01 bilhões em agosto de 2021. O montante foi 11,8% maior que o registrado em julho.
Nos primeiros oito meses de 2021, o montante financiado somou R$ 136,8 bi, alta de 107,7% em relação a igual período de 2020. Ainda segundo Cunha, preocupa, porém, a alta no preço dos materiais de construção, da inflação e da “burocracia”. Para ele é preciso mais “agilidade no licenciamento (da incorporação) e nos cartórios de registro de imóveis”. “Até agora esse semestre tem sido animador e, assim, como 2021, a expectativa é de que o cenário de 2022 também seja favorável ao desenvolvimento do mercado imobiliário”, escreveu ele em artigo publicado em A TARDE.
Com 11 empreendimentos lançados na Grande Salvador nos últimos 12 meses, sendo nove na capital e dois em Camaçari, a Tenda possui 922 unidades à venda na região, com preços variando entre 120 mil e R$ 180 mil, destaca o diretor Regional da construtora, Rodrigo Hissa. Segundo Hissa, para o último trimestre de 2021 ainda é previsto o lançamento de mais um residencial, dessa vez no bairro do Imbuí.
De acordo com o executivo, com relação ao cenário de aumento da Selic, ele diz que “o mercado acompanha com preocupação”, mas que, para o segmento de habitação popular, “as taxas de juros do programa Casa Verde a Amarela se mantém inalteradas em baixos patamares sem que tenhamos impactos nas vendas”. “Apesar disso, o governo sinaliza um aumento do teto do programa, movimento importantíssimo para combater a forte inflação dos insumos da construção civil”, afirma.
Quanto à possível alta no preço final das unidades como consequência dos reajustes dos materiais de construção e diminuição do estoque disponível (com o aumento das vendas), ele fala que, “na medida em que essa inflação inviabiliza vários negócios dos concorrentes ou os obriga a praticar preços mais altos de venda, a Tenda, através de sua abordagem industrial consegue mitigar esse efeito, se mantendo competitiva e assim, segue aumentando sua participação de mercado”.
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