O aumento contínuo dos combustíveis tem afetado os consumidores em todo o país. Só em 2021, o litro da gasolina subiu nove vezes de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e acumula alta de 27,5%. Segundo o coordenador do curso de Engenharia Mecânica da Unijorge, Raul Santos, é preciso prestar atenção na forma de dirigir e na manutenção do veículo, pois estes são fatores que impactam na economia na hora de encher o tanque. O coordenador levantou dicas que ajudam a diminuir consumo em até 40% e que também vão ajudar a poupar o motor e outras partes do carro.
Manutenção e Revisões – De acordo com o professor, o motorista deve saber quanto o veículo consome por litro e checar se esse valor está sendo mantido ou se tem alguma alteração, o que pode indicar algum problema. Para verificar isso e outras questões, é necessário fazer revisão e manutenção periódicas para prevenir danos ao motor, assim como evitar que o gasto seja maior que necessário. A manutenção deve ser feita por um profissional especializado e devem ser verificados itens como os filtros de ar, de óleo, velas, e de combustível. O tempo para as manutenções está no manual do proprietário. A regra é de que as revisões devem ser feitas a cada seis meses ou a cada dez mil quilômetros rodados, o que vier primeiro.
Pneus, filtros de ar, velas e aditivos– Outra dica é manter sempre os pneus em boas condições. Pneus murchos influenciam no rendimento do veículo, ao gerar mais atrito entre o carro e a via. Pneus mal calibrados levam o motor a forçar mais para girar, elevando o consumo. Calibrar os pneus do carro com uma pressão correta, pode influenciar em até 20% no gasto do combustível e a calibragem precisa ser realizada a cada 15 dias. As velas devem ser trocadas periodicamente, de acordo com período de vida útil por quilometragem, indicada pelo fabricante. Elas influenciam se estiverem gastas, pois queimam mais combustível que o necessário.
Direção certa – A troca de marcha é um dos fatores que influencia muito no aumento do consumo. Deve ser utilizado o sistema que avisa a hora da troca ou pode ser observado o conta-giros e mudar a marcha antes de chegar a 2.000 rpm. O condutor também deve abandonar o costume de apoiar o pé no pedal de embreagem com a marcha engatada, isso resulta na perda de tração, desgaste de componente e necessidade de troca do conjunto de embreagem antes do tempo. Na cidade, o motorista deve manter o controle da velocidade, pois acima de 90 km/h, o consumo de combustível aumenta de modo significativo.
Abastecimento correto – Se o veículo for rodar apenas em perímetro urbano, não vale a pena encher o tanque, o certo é abastecê-lo até a metade de sua capacidade. Quanto mais pesado fica o carro e mais ele vai consumir para entrar em movimento. A qualidade do combustível utilizado é muito importante também. O posto precisa ser de confiança para evitar adulteração (mistura com água, etanol ou outro produto), já que isso interfere no consumo e danifica o motor. Se o carro for flex, existem algumas recomendações: usar a etanol nas estradas e gasolina nas cidades; analisar os preços e fazer a seguinte conta: multiplicar o preço do litro da gasolina por 0,70, se o resultado ficar abaixo do valor do litro de etanol, deve ser utilizado a gasolina. Caso contrário, é melhor usar o etanol
Ar-condicionado, bagagem e acessórios – Em dias em que o clima está ameno, melhor não ligar o ar ou evitar usar na potência máxima. Na estrada, quando o carro estiver acima de 80km, as janelas devem ficar fechadas para evitar trepidação e arrasto. Quanto a bagagem colocada no carro, quanto mais peso for colocado, maior será o consumo. É bom verificar a capacidade da mala e não ultrapassá-la, só carregando o que for necessário. Os bagageiros externos criam atrito com o ar gerando maior arraste do veículo e devem ser evitados.
Não fique no ponto morto– Os veículos atuais devem ficar engrenados para consumir menos. A injeção eletrônica, quando o carro está desacelerando, percebe que isto e corta o combustível da câmara. Porém se você colocar em ponto morto, o carro se mantém ligado
Para finalizar, Raul Santos reforça que o comportamento do consumidor no trânsito é extremamente importante para economizar no abastecimento. Quanto mais atento e consciente for o motorista, maior será a redução de gastos e além da questão financeira, ainda colabora para o meio ambiente com a diminuição na emissão de poluentes. “Antecipar frenagens, não agir como corredor de arrancada, não “esticar” as marchas e fazer a manutenção correta. Vale também planejar o trajeto antes, usando aplicativos que indiquem onde há engarrafamentos. Em trajetos curtos, as pessoas podem optar até por não utilizar o carro, saindo de bicicleta ou a pé, e sempre que possível, adotar caronas compartilhadas”.
Foto: Agência Brasil